pandemonium

Eu antevejo teu sol e teu céu
Eu antevejo teu calor do peito
Eu antevejo tuas veias imortais
Eu antevejo tua gente descabida

Temo caravelas e seus instintos
Temo todo o mar de água limpa
Me fecho aos dissabores de teu alho
Me confundo na identidade que proclamas

Lavei meu olhos em mares de copos
Rezei meu orgulho em lábios descascados
Eu tampouco sei de mim, quem dirá de ti
Eu sou o transtorno e o eco de meus pais

Respiro o bafo quente de teus pulmões
Desorganizo no meu rumo o futuro
Meu nome não interessa aos teus associados
E sim meu ventre, eles amam meu personagem

Eu vou ao teu encontro com olhos marejados
O teu toque tão nostálgico, me rejuvenesce
Por favor, não temas, mas saiba, sou escasso
Mesmo que intermitente incriado, sou acaso

Pinte outra vez minha virilha com tua saliva
Derreta-me toda a masculinidade no hálito cicuta
Curva-me as costas tão diabólicas e desorientadas
Sirva-se à espreita daquilo que pertence ao gênero misto

Saiba que não há refrão para calar tua fome
Todo o exílio fora corrompido pela tua ideia de consumo
Meus olhos são povos abaixo do trópico de capricórnio
Congestiona a sua identidade cinematográfica

Não chore por mim, eu nasci para a aniquilação
O caminho do meu corpo esteve em recesso
Hoje, novamente aberto a tua vontade
Meu bem, peço que não te demores outra vez…