Salvação

Jules Rey
OIMOI
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2 min readSep 16, 2021
Imagem de Hasin Farhan em Unsplash.

Tem coisas dentro de mim que me assustam.

É verdade, tudo o que me compõe também me frustra o tempo inteiro, mas é de medo que eu to falando aqui.

E não são pensamentos ou ideias ou impulsos, é algo muito mais abstrato que isso.

Quase como uma sombra ou névoa, sem espreitando e me cercando mas nunca presente o suficiente para que eu possa segurar.

Eu posso estar no meio de tudo isso que eu não entendo e ainda assim não seria tangível pra mim, eu só estaria lá esticando o meu braço para o nada como quem mergulha em uma piscina e tenta agarrar a água no fundo dela.

Como quem sente uma onda de felicidade e tenta com todas as suas forças agarrar a sensação para nunca deixá-la ir.

Como quem come um doce com um sabor único e inigualável e se desespera por não poder segurar o gosto na boca.

Sempre me pergunto se a paranoia que as minhas sombras me causam não estão um pouco fora de controle.

Nunca sei me responder.

Mas não faria diferença, a essa altura nada mais parece fazer além de vagar sem rumo.

Vagando no escuro sem nenhum senso de direção ou propósito.

Já nem sei se eu estou fugindo ou procurando algo.

Também não sei como eu vim parar no meio de confusão ou como e quando isso tudo começou.

Minha certeza é única: minhas sombras são tudo que consigo ver e sentir e saber.

Essas sombras que constantemente me causam medo me perseguem como se seu único objetivo fosse se fazer ser notada e nunca esquecida.

Não há salvação

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Jules Rey
OIMOI
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autor, aparentemente jornalista, entusiasta de café e treinador de pokémon tipo fada