Maquinas elétricas, Tesla, Musk e o aquecimento global
O que eles têm em comum?
Em 1886, o cientista alemão Ernst Werner Von Siemens criou o primeiro gerador de corrente contínua auto-induzido, inaugurando o início da era das máquinas elétricas (motores e geradores). Essa pequena invenção funcionava nos dois sentidos, tanto gerando energia elétrica quando girada, quanto girando quando alimentada com energia elétrica. Percebendo a utilidade da nova invenção, muitos outros inventores se dedicaram a aperfeiçoar a tecnologia, incluindo Nikola Tesla, que algum tempo depois criou o motor de indução de corrente alternada, atualmente o tipo de motor mais usado na indústria pelo mundo.
Mas o que isso tem a ver com o aquecimento global? Tudo. Calma, eu explico!
Tecnologia nada mais é do que a capacidade de dominar a natureza e usá-la a nosso favor. Nós fazemos isso muito bem, mas de um jeito só. De um lado colocamos geradores que transformam algum tipo de energia (aqui entra qualquer tipo que você posso imaginar menos a solar) em energia elétrica, transportamos a energia na forma de eletricidade (de longe a forma de energia que mais dominamos) e por fim usamos um motor na outra ponta para destransformar essa energia. E é aqui que entra Elon Musk, bilionário sul-africano e CEO da Tesla Motors.
Um motor de combustão comercial de gasolina tem cerca de 40% de eficiência. Compare com os últimos lançamentos da Tesla, nos quais os motores alcançam 93%, e fica claro que é mais lógico trocar os motores poluidores e ineficientes pela joia da coroa, os motores elétricos. A ideia não passa nem perto de ser nova e foi posta em prática pouco tempo depois da invenção do motor elétrico, porém, principalmente pelo problema das baterias (não se tinha materiais para durar o tempo necessário), não se tornou comercial.
Mais de um século depois da primeira tentativa e com tecnologias muito mais avançadas, o momento foi oportuno para criação da Tesla Motors, em 2003, com o dinheiro da venda do PayPal, antiga empresa de Musk, e o mercado crescente de startups nos Estados Unidos.
Até aqui a história parece um roteiro de filme norte-americano: o grande empresário bem-intencionado — e eu não duvido que seja — salvando o mundo. Mas como nada na vida é conto de fadas, não se pode esperar que os problemas do mundo sejam resolvidos pelos outros, quanto mais por uma pessoa só. Talvez Elon Musk saiba disso, afinal sua outra empresa, a SpaceX, é uma tentativa de fugir da Terra caso tudo dê errado.
A Tesla nunca conseguiria atender todo o mercado. Sofreu inúmeras vezes para atender a demanda local americana e sustenta filas de espera até hoje causadas pela rápida expansão e visibilidade na mídia — bom para eles, mas não serve de solução. Além disso, o problema climático é urgente e a transição do mercado para elétricos precisa e está sendo acelerada por vários países, como a China, que incentiva a produção de carros elétricos, e vários dos maiores Estados europeus, dos quais muitos já aprovaram datas limites para o fim da produção de carros a combustão como parte do plano de redução das emissões (Holanda-2025; Alemanha-2030; Reino Unido-2035).
Mesmo que não fosse assim, restaria o segundo problema. Lembre-se que por mais eficientes que sejam as máquinas elétricas, ainda precisamos de alguma coisa girando aquele gerador lá na ponta. Ou seja, não adianta de nada o carro elétrico se com o aumento da demanda for necessário ligar as termoelétricas. É basicamente deixar de queimar o combustível fóssil no carro para queimar longe na geração.
O problema da emissão de carbono na atmosfera é muito maior e mais complexo do que apenas carros, e passa por todas as facetas da vida social. É necessário o desenvolvimento de novas tecnologias e uma mudança de hábitos de consumo (nenhum deles pode ser uma solução sozinho) e sobretudo a única ferramenta capaz de fazer todos os anteriores acontecerem: a política. Gostemos ou não, é só através de pressão da sociedade e projetos concretos de países que temos alguma chance de vencer esse desafio.
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