Década das mudanças ou décadas de consequências?

Robson Luiz Matias Filho
Revista Brado
Published in
3 min readNov 13, 2021

Proposta pela ONU (Organização das Nações Unidas), esta década foi definida como a década importantíssima para a restauração do planeta e, caso isso não ocorra, a situação só tende a piorar, com uma cascata de impactos climáticos até 2030 previsto por cientistas.

COP26 é o novo começo de uma década decisiva. Foto: ONU

Um estudo divulgado antes do início da cúpula climática COP 26 das Nações Unidas adverte que desastres climáticos como calor extremo, secas e furacões podem ter “consequências catastróficas” na próxima década.

A piora do clima até 2030 pode levar à insegurança alimentar, deslocamento e conflitos em países vulneráveis, o que pode ter um efeito devastador nas regiões e na economia global, de acordo com relatório da Chatham House do Reino Unido.

Os dez principais ‘fatores de risco’ dos últimos anos têm a ver com a África ou a Ásia, referindo-se a uma série de eventos causados pela mudança climática. No entanto, as consequências podem ser devastadoras.

O estudo, apresentado por mais de 200 cientistas do clima e outros especialistas, avalia quais riscos e impactos climáticos imediatos devem estar na mente dos tomadores de decisão na próxima década e que não se limitam ao local vulnerável onde acontecem.

As descobertas dos pesquisadores que antecedem a COP 26 em Glasgow (31 de outubro — 12 de novembro) indicam que os países ricos precisam tomar medidas imediatas para resolver os problemas socioeconômicos e climáticos nas áreas mais vulneráveis.

Desde a Conferência do Clima de Copenhague, em 2009, os países ricos não cumpriram suas promessas de pelo menos US$ 100 bilhões para combate à mudança climática.

Com o advento da COP 26, todos os olhos estão voltados para o que pode ser alcançado, especialmente em termos de redução de emissões, pois se trata de uma das principais conclusões do relatório e uma das mais importantes no curto prazo.

Se não tomarmos medidas para ajudar os países vulneráveis a lidar com as mudanças climáticas na década de 2020, incorreremos em custos significativos no futuro próximo.

As preocupações levantadas por cientistas do clima e outros especialistas incluem o aumento da insegurança alimentar no Sudeste e Sul Asiático e na Austrálasia, bem como a insegurança alimentar global que leva a “falhas no celeiro”.

Homem em situação de rua vivendo em situação precária. Foto: PxHere

A falta de sustentabilidade no setor agrícola, bem como o aumento da pobreza e da desigualdade nos países em desenvolvimento, especialmente na África, já estão expondo os efeitos das mudanças climáticas e a acentuação do seu impacto para além das fronteiras.

Sem assistência adicional para adaptar e aliviar a pobreza, a insegurança alimentar irá variar a partir de altas temperaturas, secas, furacões e quebra de safras que resultarão em instabilidade política e conflitos, que, por sua vez, impulsionarão migrações para o sul da Europa.

O documento pede o desenvolvimento de uma visão abrangente dos riscos climáticos para as comunidades mais vulneráveis ​​às mudanças climáticas, perigos potenciais e medidas a serem realizadas com o objetivo de potencializar a resiliência.

Placa em protesto contra as mudanças climáticas. Foto: Markus Spiske/Pexels

Ao abordar essas vulnerabilidades, seremos capazes de prevenir eventos climáticos verdadeiramente catastróficos nessas décadas, como informa o relatório.

O financiamento de ‘perdas e danos’ no clima seria uma das questões-chave a serem tratadas na COP26.

“Isso está acontecendo agora e países e comunidades vulneráveis ​​ao redor do mundo estão perdendo suas vidas, seus meios de subsistência, suas casas — eles estão sendo deslocados. Esses problemas só aumentarão à medida que os impactos das mudanças climáticas pioram”. (Ritu Bharadwaj, pesquisador sênior de governança climática e finanças do Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento em entrevista a SciDev.Net).

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