Do papel às obras: a reforma do Teatro Carlos Gomes

Desde a inauguração, o teatro já passou por diversas reformas, no entanto, essa parece estar demorando mais do que deveria para sair do papel

Samara Elisa
Revista Brado
3 min readJul 20, 2020

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Foto: Alexandre Gadioli

Um dos patrimônios do Centro Histórico de Vitória está de portas fechadas desde dezembro de 2017, abrindo excepcionalmente para eventos no final de 2018, e somente agora temos notícias da licitação para início do projeto da obra de restauração.

Em setembro de 2018, quando ocorreu o Festival de Cinema de Vitória, o teatro havia acabado de passar por uma reforma e já começou a funcionar, porém com o ar condicionado improvisado. Desde essa época houve uma promessa de abertura de licitação para restauração e modernização do local

No fim de 2009, o teatro também passou por reformas e permaneceu fechado durante seis meses. A partir dessa, aumentou-se a capacidade, além da execução de uma nova pintura , que originalmente havia sido feita por Homero Massena.

A história do Teatro Carlos Gomes

Foto: Acervo AGV-ES e CAR-UFES

Tudo começou quando, em 1924, um incêndio tomou conta do Teatro Melpômene — o único de Vitória até então. Após o ocorrido, foi inaugurado o Teatro Carlos Gomes, projetado pelo arquiteto André Carloni em 1927, no mesmo local em que se localizava o antigo. Por alguns anos, o local exerceu a função de cinema, voltando com sua função de teatro somente algumas décadas depois. Em 1983 foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura. Com a mudança também surgiu a Praça Costa Pereira, outro ponto extremamente importante da história capixaba.

A primeira peça encenada foi “Verde e Amarelo “, de José do Patrocínio. Desde então, vários grandes artistas já se apresentaram lá, como Fernanda Montenegro, Paulo Autran, Jards Macalé, assim como diversas companhias de teatro e orquestras nacionais e internacionais. Mas além disso, o teatro tem uma importância enorme para a execução de peças e apresentações de artistas e festivais capixabas. Já passaram por lá o Festival de Cinema, a Orquestra Sinfônica do estado, bandas como Sol na Garganta e Grupo Moxuara, entre outros.

Foto: Pedro Permuy/A Gazeta

No final de 2019, quase 2 anos após o fechamento do teatro, um grupo de artistas se reuniu para pedir maior agilidade na restauração do local. Foi realizado um “abraço” no teatro, com direito a apresentações musicais em frente ao local. A intenção era chamar a atenção do poder público para essa questão.

Finalmente, em junho deste ano saiu o resultado da licitação para dar início ao projeto de obra para restauro do teatro. A empresa responsável é a Arquistudio Arquitetura e Urbanismo. No entanto, essa licitação é somente para a entrega do projeto da obra, com prazo em fevereiro de 2021. A partir dessa data, sairá uma nova licitação para realmente dar início às obras. Por fim, não sabemos quanto tempo durará a execução das obras. Grandes chances de o teatro permanecer fechado durante mais alguns anos, se tudo ocorrer conforme esperado. Além da obra, podem haver mudanças na gestão do local. O Secretário de Cultura admitiu a possibilidade de uma parceria público-privada.

Esse é nosso teatro mais antigo ainda em atividade e é inaceitável que seja negligenciado como está sendo. Que, assim como em 2010, finalizada a reforma, tenhamos, pelo menos, duas semanas de espetáculo direto, para matarmos a saudade do espaço.

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