10 dias para a eleição mais importante da Nova República

É tempo de reafirmar a democracia

Revista Brado
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4 min readSep 22, 2022

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Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

N o dia 2 de outubro, daqui a exatos dez dias, o Brasil escolherá seu novo presidente. Esta será a eleição presidencial mais importante da Nova República — quiçá da nossa história. Nunca, em todo o republicanismo brasileiro, o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto — e atual mandatário — foi um aberto aspirante a ditador.

Em 2018, Jair Bolsonaro já não escondia de ninguém suas intenções criminosas, mas muitos duvidaram, fosse de sua real vontade, fosse de sua capacidade de ser tão ruim quanto parecia. Mas de estelionatário eleitoral o presidente não pode ser chamado. Bolsonaro, ao longo dos anos, dobrou a aposta. E se em 2018 era possível ter dúvida se o candidato que dizia querer dar um golpe “no mesmo dia” de fato o tentaria, em 2022 não há margem para o mesmo erro.

O presidente da República constrói, dia sim e dia também, a sua narrativa golpista, a sua desculpa ideal para questionar o resultado das urnas e insuflar motins em todo o país. Jair Bolsonaro transformou as cores, a bandeira e a camisa do Brasil em objetos de vergonha, e fez do bicentenário de nossa Independência um comício golpista sobre sua virilidade. O patrimonialismo, essa doença tipicamente lusitana que confunde o público e o privado, com Jair Bolsonaro foi elevado à sua potência mais nociva. Mas ele sequer confunde sua pessoa e a instituição que representa: ele se vê maior que ela. Ledo engano.

No dia 2 de outubro o Brasil votará em um referendo. Para muito além dos candidatos à mesa, há uma urgência a ser resolvida. Continuaremos no caminho do autoritarismo, da degradação de nossas instituições, do isolamento internacional, do empobrecimento, da incompetência, da destruição e da morte ou romperemos com esse caminho maldito? Há onze candidatos na corrida pelo Palácio do Planalto. Dez são legítimos. Um não.

De acordo com as últimas pesquisas, a possibilidade de a eleição ser resolvida já no primeiro turno é real, embora baixa. Seja como for, no primeiro ou no segundo, esta Revista espera estar, em 3 ou 31 de outubro, celebrando o resultado que se avizinha: a derrota do primeiro — e último — fascista a pisar no Palácio do Planalto.

A Revista Brado não possui candidato. Há nela pessoas de todos os lados: esquerda, direita e centro; liberais, progressistas e conservadores. Mas há algo que nos torna um corpo único em determinados momentos: a defesa inalienável da democracia, do estado de direito, das liberdades civis. Entre os candidatos ao Planalto, é possível que quase todos recebam ao menos um voto partindo do conjunto de membros desta revista. Buscamos ser uma plataforma plural e expor essa pluralidade de ideias que nos compõe. Ainda assim, celebraremos a derrota de Jair Bolsonaro como um gol de final de Copa do Mundo.

No início ou no final de outubro, esta Revista celebrará a vitória da democracia, e então retornará, imediatamente, à sobriedade que sempre teve, para iniciar uma nova fase. Até o momento, nossa pluralidade foi pouco explorada. Claro, diante do absurdo, os defensores do óbvio se reúnem. Diferenças marcantes que existem entre alguns de nossos colunistas se tornaram opacas ao longo dos pouco mais de dois anos de nossa existência. O motivo: concentramos nossa energia contra aquele que tenta incansavelmente roubar nossa liberdade, para que possamos, enfim, usufruir da liberdade de discordar sem restrições.

Este dia está se aproximando. A partir do próximo mandato presidencial, as divergências de nossa equipe se tornarão mais aparentes. Diante de um governo democrático, que respeite as instituições e não atente contra nenhum dos poderes da República, teremos espaço para explorar temas políticos cotidianos, analisar propostas, sem o viés do “autoritarismo vs. democracia”, mas das ideias e interesses práticos em disputa. Com isso, virá um novo desafio. Mas estamos ansiosos para esse momento: é por ele que temos lutado desde junho de 2020.

Esta Revista não terá compromisso com nenhum governo. Não seremos defensores ou opositores de ninguém que vencer as eleições em 2 ou 30 de outubro, salvo se este — esperamos que não — for Jair Bolsonaro. O próximo governante, seja ele quem for, receberá de nós um olhar crítico, mas também um voto de bom governo. Esperamos que o próximo incumbente olhe para os problemas reais do Brasil e se dedique a resolvê-los. Esperamos que o dia-a-dia político se debruce sobre o combate à fome, à miséria, à inflação, à estagnação econômica, ao desmatamento, à criminalidade e às demais pragas que assolam o país. Nenhum político será por nós elogiado, mas seus projetos que assim merecerem serão. Mas também serão criticados.

Esperamos, e temos buscado isso em cada um de nossos textos, um Brasil reconduzido à sua condição de nação. Esperamos poder divergir livremente, sem medo, sem ressalvas. Esperamos debater o nosso futuro abertamente. E esperamos nunca mais ter de defender o impedimento de um presidente por atentados contra a ordem democrática. Mas, se preciso for, o faremos, quantas vezes forem necessárias.

O dia mais importante da Nova República, o momento mais esperado por todos os democratas desde novembro de 2018, se aproxima. O único voto desta Revista é para que os seus leitores e os seus colaboradores votem com responsabilidade, com amor ao Brasil e aos brasileiros, com esperança, com dedicação e com vontade de fazer revigorar a democracia que nossos antepassados com tanto sacrifício conquistaram. Isso, tudo isso que vivemos nos últimos anos, está perto do fim. As urnas derrotarão o autoritarismo.

Este texto representa toda a equipe da Revista Brado.

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