Editorial | Aids: Covid-19 não é a única pandemia que enfrentamos

A Revista Brado lança hoje sua campanha de combate à Aids

Revista Brado
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3 min readDec 1, 2020

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Foto: Diorgenes Pandini / Diario Catarinense

Há quase 8 meses — no dia 11 de março deste ano –, a OMS reconheceu a Covid-19 como uma pandemia, ou seja, uma doença infecciosa que atinge todo — ou quase todo — o planeta. Entretanto, o Sars-Cov-2 não é o único vírus que ainda infecta e adoece pessoas em todos os continentes do planeta. Desde 1981, até a atualidade, a Aids, causada pelo vírus HIV, também é considerada uma pandemia.

Segundo a Fiocruz, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida — nome técnico da Aids — é a doença infecciosa que mais mata no mundo. Em 2019, cerca de 690 mil pessoas morreram em decorrência da doença — uma redução de 60% desde o pico de 1,7 milhão em 2004, de acordo com dados da Unaids, o Programa Conjunto da ONU para HIV/Aids.

Os dados revelam uma queda progressiva nas contaminações na maior parte do mundo, mas alguns países preocupam. A América Latina teve um aumento de 7% nas infecções por HIV entre 2010 e 2018, com o Chile sendo o país mais afetado (alta de 34%).

O Brasil foi o terceiro país do continente com maior aumento de contaminações no período, registrando um crescimento de 21%. Além disso, cerca de 135 mil brasileiros convivem com o HIV sem sequer ter conhecimento disso, segundo o Ministério da Saúde.

Ao contrário do que muitos pensam, a Aids ainda está presente em nossa sociedade e, apesar dos avanços nas pesquisas e tratamentos, ainda é uma doença extremamente letal. O relatório mais recente da Unaids mostrou que mais de 5 mil jovens entre 15 e 24 anos são infectados pelo HIV semanalmente, além de ser ele o maior responsável por mortes de mulheres em idade reprodutiva no mundo.

Discutir a potência que a Aids ainda possui e a urgência de seu combate é extremamente necessário, sobretudo diante da atual pandemia do novo coronavírus. Estima-se que a atual pandemia tenha efeitos drásticos sobre a oferta de medicamentos antirretrovirais — os utilizados no tratamento da Aids — em países de baixa renda em todo o mundo.

Além disso, as estratégias adotadas para a contenção da Covid-19 fizeram reduzir tanto a produção quanto a distribuição de remédios, tornando-os ainda mais caros. Isso pode levar à interrupção de tratamentos por parte de pessoas ou comunidades que não tenham condições de custeá-lo no cenário de crise que deve ser intensificado pós-pandemia. Isso pode levar a mais de meio milhão de mortes adicionais em decorrência da Aids.

Por isso, a Revista Brado inicia hoje, no Dia Mundial do Combate à Aids, sua própria campanha, inspirada no Dezembro Vermelho. Todos os dias serão publicados textos, em nossas mais diversas editorias, relacionando os assuntos rotineiros aqui abordados com a temática da Aids, com destaque para a editoria de Saúde, que explicará mais profundamente sobre a doença.

Nosso esforço de concentrar toda a redação da Brado no combate ao HIV é parte de nosso compromisso com a saúde pública e com o bem-estar da população que integramos. Em um ano guiado pelos rumos de um vírus extremamente letal — que já matou mais de 170 mil brasileiros e continua em alta — é dever de todos refletir sobre as doenças que nos cercam e repensar o modelo de sociedade que perpetuamos e os desafios que o futuro nos guarda.

Previna-se.

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