Editorial: Dia da Liberdade de Imprensa

A liberdade de imprensa é um dos pilares mais fortes de sustentação da democracia

Revista Brado
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2 min readJun 7, 2020

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Sob censura, o JB de 14 de dezembro de 1968 representa um marco na luta pela liberdade de imprensa durante a ditadura militar. Foto: Reprodução/Jornal do Brasil

2019 registrou um aumento de 54% no número de ataques à imprensa e aos seus profissionais em relação a 2018. Entre os casos, 2 assassinatos, 15 agressões físicas, 28 ameaças, 10 censuras, 2 casos de injúria racial e 114 de descredibilização da imprensa.

Os dados são terrivelmente preocupantes, mas não surpreendem. Se hoje os ataques vêm de um lado, ontem vieram de outro. Se hoje os jornais profissionais são chamados de “extrema-imprensa”, ontem foram chamados de “Partido da Imprensa Golpista”.

O que hoje alarma é que críticas tenham se transformado em ameaças e ameaças venham se transformando em ações. Tudo isso em um momento em que verdadeiras indústrias de notícias falsas são descobertas e que conteúdos polarizantes se sobrepõem aos conteúdos informativos, e pior: às vésperas do pico de uma pandemia — na qual a imprensa se provou mais importante do que o maior democrata supunha.

Os ataques à imprensa, seja de onde vierem, não se fazem por seu viés, por suas pautas ou por uma suposta natureza ideológica manifesta pelos veículos de informação. Os ataques, as ameaças, o ódio e a aversão se dão exatamente pelos motivos de que a imprensa pode se orgulhar: seu profissionalismo, sua objetividade e sua independência.

“Previsão do tempo” do JB noticiando o AI-5. O jornalista Alberto Dines, falecido em 2018, foi editor-chefe do jornal nos “anos de chumbo” da ditadura e soube driblar a censura com ironia e seu humor ácido. Foto: Reprodução/Jornal do Brasil

Por isso, atacar a liberdade de imprensa é, antes de tudo, atacar a democracia. O jornalismo — o livre exercício do jornalismo — é o maior inimigo dos tiranos e a maior das pedras no caminho dos projetos de poder autoritários. Enquanto houver uma imprensa livre e atuante, os poderosos e aspirantes a déspotas não terão descanso.

Por isso, esta Revista toma para sua estreia este dia como marco simbólico de como atuaremos: com ética, rigor e compromisso, defendendo acima de tudo e gozando da liberdade conquistada a duras penas por exímios e exemplares colegas de profissão e ídolos, que deram suas vidas e sua liberdade pela liberdade de informar.

Governos e oposições são passageiros. A imprensa profissional, não.

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