Estudantes promovem debate virtual entre candidatos à prefeitura de Vitória
Evento foi realizado na noite de quarta-feira (04) com os candidatos João Coser, Mazinho dos Anjos, Namy Chequer, Neuzinha Oliveira e Sérgio Sá
Na última quarta-feira (04), foi realizado às 20h o primeiro debate do grupo Universidade Vai às Urnas ES, com alguns dos candidatos à prefeitura de Vitória. O evento foi realizado virtualmente e contou com a presença de 5 dos 14 candidatos: João Coser (PT); Mazinho dos Anjos (PSD); Namy Chequer (PCdoB); Neuzinha Oliveira (PSDB); e Sérgio Sá (PSB).
O “Universidade Vai às Urnas” é inspirado em um projeto homônimo existente em São Paulo. Segundo Lívia Bastos, presidente do Centro Acadêmico Maria Lúcia Karam (FDV) e organizadora do debate, o projeto paulista autorizou que fosse utilizado o mesmo nome no Espírito Santo, mas os projetos são independentes. “A ideia inicial do projeto era que ele não fosse de um centro acadêmico só. O problema é que eu não tive engajamento com os outros centros. Entrei em contato com outros DCEs e todo mundo animou no início e depois desanimava. Então agora ele é do CA Maria Lúcia Karam”, declara Bastos.
De acordo com a organizadora, ainda não há nada certo quanto a um eventual segundo turno, mas a pretensão é que se realize a cada dois anos, em todas as eleições, e não apenas na capital. Segundo ela, a intenção era que houvesse debate também com os candidatos à prefeitura de Vila Velha, mas acabou não sendo possível.
Lívia assegura que os candidatos foram convidados com base em critérios éticos do grupo, como o respeito à democracia e aos direitos humanos. O único não convidado foi Capitão Assumção (Patriota). Bastos garante que a decisão não foi motivada por interesses ideológicos, mas pela incompatibilidade de diversas atitudes e falas do candidato com princípios democráticos estabelecidos pelo projeto. Hoje deputado estadual, o capitão é conhecido por um histórico de polêmicas e chegou a ser preso na greve da PM em 2017.
Os candidatos Coronel Nylton (NOVO); Eron Domingos (PRTB); Fabio Louzada (MDB); Gilbertinho Campos (PSOL); e Halpher Luiggi (PL) não aceitaram o convite para participação no debate e o candidato Raphael Góes (PSTU) aceitou, porém fora do prazo solicitado. Fabrício Gandini (Cidadania) e Delegado Pazolini (Republicanos) não compareceram. Segundo a assessoria de Gandini, que fez o aviso ainda pela tarde de quarta-feira, sua situação médica o impediu de participar do debate devido à Covid-19; já Pazolini desmarcou sua presença no evento poucos minutos antes do início.
O debate
O debate foi dividido em quatro blocos, com regras distintas. Os primeiro e terceiro blocos contaram com perguntas enviadas por uma banca convidada, formada por representantes de distintas organizações capixabas. Já no segundo bloco, os candidatos fizeram perguntas uns aos outros de acordo com temas sorteados. O último foi destinado às considerações finais.
Um dos temas que estiveram mais presentes foi a segurança pública. Para Namy Chequer, é preciso resguardar os grupos menos favorecidos investindo, entre outros, em escolas de tempo integral. “Nós somos vizinhos do Rio de Janeiro e lá já se desenvolveu uma escola de assassinatos, lá o envolvimento da polícia com a milícia gera um ambiente que não pode chegar aqui. A minha primeira preocupação será evitar que Vitória se transforme no inferno que é o Rio”, afirmou o candidato.
O ex-prefeito e novamente candidato João Coser defende que a melhor forma de tratar a segurança na capital é investindo em políticas sociais e valorizando a guarda municipal. Para o petista, os agentes precisam de mais equipamentos e tecnologia. “O que gera segurança são relações humanas”, conclui.
Já Mazinho dos Anjos defende aumentar o efetivo por meio da terceirização do videomonitoramento como forma de atenuar a violência na cidade. “As condições da guarda municipal são de abandono”, afirma o candidato, que resume: “segurança é educação e educação é segurança”.
A educação também foi um tema debatido por Neuzinha Oliveira, para quem é preciso construir mais escolas de tempo integral: “Nós precisamos construir essas 9 escolas que faltam aqui em Vitória”. A candidata criticou o modelo de educação integral que vem sendo implantado, o que chamou de “farsa”. “O tempo integral não é só a criança ficar o dia todo na escola, tem que ter atrativos como aulas de teatro e violão”, completa a peessedebista.
Neuzinha também condenou a atual gestão cultural da cidade e acusou a prefeitura de utilizar funcionários para vaiar os questionamentos na Câmara. Defendeu a revitalização de praças públicas e sua abertura para artistas locais e protestou contra a “entrega” do Saldanha da Gama para o governo do estado. “Vitória está virando uma cidade dormitório”, finaliza.
Na área da saúde, o correligionário do governador, Sérgio Sá, planeja ampliar o horário de funcionamento das Unidades de Saúde até as 22h, além de implementar três macrorregiões de saúde com três policlínicas. “Vamos melhorar muito o atendimento, humanizá-lo, qualificando e capacitando os servidores”, afirma. Já na economia, Sá defende que é necessário incentivar o setor produtivo e o turismo a partir da facilitação da emissão de alvarás e da construção de um centro de convenções. O candidato também não poupou críticas à gestão vigente: “O atual prefeito entrega a prefeitura com uma dívida de mais de 1 bilhão de reais”.
Quem também aproveitou o espaço para reprovar Luciano Rezende foi Mazinho dos Anjos, que acusou o candidato da continuidade Fabrício Gandini de realizar um evento com mais de 2 mil pessoas, “descumprindo o próprio decreto municipal”. O candidato do PSD ainda desferiu ataques ao PT e afirmou que eleger Coser seria uma irresponsabilidade.
O debate, que durou quase duas horas, pode ser assistido na íntegra através do canal no YouTube do Centro Acadêmico Maria Lúcia Karam, onde ficará disponível de forma permanente. Clique aqui.
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