Junho: o mês que nunca acabou

Passados dez anos da maior mobilização popular do século XXI, ninguém parece saber ao certo o que aconteceu em 2013

João Vitor Castro
Revista Brado
13 min readJun 6, 2023

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Ocupação da laje do Congresso Nacional em 17 de junho de 2013. Foto: Mídia Ninja

O início do século XXI parecia consolidar a Nova República. O Brasil, aparentemente, tinha dado certo. O país entregue a Lula por FHC tinha finalmente uma moeda estável e uma inflação controlada. Oito anos depois, o Brasil entregue a Dilma por Lula gerava uma média de 1,2 milhão de novos empregos de carteira assinada por ano e estampava a capa da revista britânica The Economist com o Cristo Redentor decolando.

Reprodução/The Economist

No primeiro ano do governo Dilma, “o gigante acordou” numa propaganda da Johnnie Walker. Os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 aceleravam e o Brasil parecia se organizar para uma festa daquelas. Em maio de 2013, às vésperas da Copa das Confederações — o “ensaio” da Copa do Mundo — , a Fiat lançou a campanha “Vem pra Rua”. Estávamos com a menor taxa de desemprego da história (4,3%) e o governo Dilma batia recordes surpreendentes de aprovação: 79% em março — mais do que Lula e FHC no mesmo período de seus mandatos.

Acontece que a história brasileira não é dada à monotonia. Logo, tudo mudaria por completo.

Este texto — meu último na Revista Brado — será diferente dos demais. Ele poderia ser uma entrevista com cientistas políticos, sociólogos, psicólogos, ativistas, professores de história. Poderia ser um artigo com várias referências acadêmicas. Contudo, basta consumir esses conteúdos para perceber que ninguém parece ainda compreender a totalidade do que aconteceu a partir dali. A esquerda tem uma versão; a direita outra; a academia várias. Por isso, a partir de agora ele será escrito em primeira pessoa. Afinal, essa também é a minha história — e a sua. Também será recheado de imagens, pois 2013 também foi um baita presente aos fotojornalistas.

A Polícia Militar de São Paulo se posiciona para conter as manifestações de 6 de junho. Foto: Mídia Ninja

Eu lembro de assistir na TV, aos 13 anos, às cenas de exatos dez anos atrás. Após o aumento de 20 centavos na tarifa dos transportes públicos em São Paulo, pequenos grupos convocados pelo Movimento Passe Livre (MPL) — favor não confundir com Movimento Brasil Livre (MBL), que surgiria pouco depois — começaram a se manifestar. Várias cidades e estados acompanharam o aumento das passagens e, consequentemente, vários movimentos Brasil afora convocaram manifestações contra a medida.

Naquele 6 de junho tudo parecia normal, até que um pequeno grupo se afastou do comando do movimento em São Paulo e iniciou uma onda de violência. Lixeiras foram incendiadas, lojas e agências bancárias foram depredadas e saqueadas e a tropa de choque da Polícia Militar foi acionada para reprimir o vandalismo.

Da cama do quarto dos meus avós, eu estava longe de entender o que estava acontecendo, mas lembro de ver aquelas lixeiras pegando fogo e me esforçar para assimilar aquilo, que parecia muito novo e diferente. No começo da adolescência, aquelas cenas me despertaram profundo interesse e curiosidade, e passei a acompanhar tudo que podia pela imprensa tradicional, pelas redes sociais ainda incipientes e pelos veículos alternativos de mídia que começavam a surgir.

Foto: Mídia Ninja

Naquele dia, a imprensa tradicional tomou posições duras contra as manifestações. As cenas dos atos de vandalismo chocaram a parcela mais conservadora da sociedade, que passou a condenar duramente aqueles protestos, até então compostos quase exclusivamente por estudantes de esquerda. Contudo, isso também mudaria.

O entusiasmo gerado por aquelas cenas de rebeldia em jovens e adolescentes, como eu, fez crescer a onda. Enquanto as elites e a classe média condenavam as manifestações, seus filhos se juntavam às ruas. Em 13 de junho, apenas o quarto ato do MPL, as manifestações já concentravam números bem maiores que há duas semanas.

Na subida da Rua da Consolação, em São Paulo, os manifestantes foram barrados pela PM e ocorreu um intenso confronto. Mais de 200 pessoas foram detidas e centenas ficaram feridas — incluindo onze jornalistas. O episódio ficou conhecido como a Batalha da Consolação.

A violência começa a dar o tom das Jornadas de Junho. Foto: Mídia Ninja

Para além dos livros de história, as gerações nascidas após o começo dos anos 1980 nunca haviam visto nada parecido. Nossos avós enterraram a ditadura, nossos pais derrubaram o primeiro presidente eleito e nossos irmãos e primos mais velhos haviam feito o quê? Havia 20 anos que movimentos políticos não angariavam milhares de jovens nas grandes capitais brasileiras em atos de rebeldia, e menos ainda com tamanha repressão.

Para os jovens, aquilo significou um convite a mais doses de rebeldia. Para a imprensa, ter onze funcionários feridos por policiais em uma manifestação acendeu um sinal de alerta. Para as elites econômicas, a repercussão daquele movimento passou a representar uma oportunidade de barganhar a política.

No dia seguinte, os editoriais e coberturas televisivas mudaram de lado. Agora, a PM era condenada por reprimir estudantes, os movimentos eram tratados como majoritariamente pacíficos e legítimos e a culpa da violência passava para a mão do Estado.

Foto: Mídia Ninja

Muitos jovens se solidarizaram com os manifestantes reprimidos pela polícia e se juntaram em resposta. Ganhando as massas, as pautas começaram a se espalhar. “Não é só pelos 20 centavos”, gritavam as ruas. Era pelo que, então?

O que começou como um movimento de esquerda, agora já não tinha lado — ou melhor, tinha vários. Os gritos de “Vem pra rua” e “Não vai ter Copa” e os cartazes contra a repressão, a imprensa tradicional e pedindo “saúde e educação padrão Fifa” começaram a se misturar a cada vez menos tímidos gritos e cartazes contra o governo federal. Em algumas cidades, gritos de “A nossa bandeira jamais será vermelha” começaram a ser ouvidos.

Em 17 de junho, manifestações ocorreram em todo o país e a laje do Congresso Nacional foi ocupada por milhares de manifestantes. Em minha cidade (Vila Velha — ES), outdoors, placas e fachadas foram depredadas no caminho entre a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a casa oficial do governador, na Praia da Costa.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Três dias depois, em 20 de junho, 1,2 milhão de manifestantes ocuparam toda a extensão da Avenida Presidente Vargas no Rio de Janeiro, onde os confrontos envolveram barricadas, blindados, helicópteros, cavalaria, motos, bombas de efeito moral e balas de borracha. Em São Paulo, houve depredação de 12 ônibus e um carro da PM, 15 guardas municipais ficaram feridos e 15 manifestantes deram entrada na UPA.

Em Brasília, milhares de pessoas invadiram o espelho d’água do Palácio do Itamaraty, que foi depredado a pedradas e coquetéis molotov. Aqui no Espírito Santo, os pedágios da Terceira Ponte foram destruídos e houve confronto em frente à Assembleia Legislativa. Tudo — tudo mesmo — foi televisionado, ao vivo, de e para todo o país.

Ao final do mês, teve Copa — a das Confederações — e o Brasil ganhou de goleada. As universidades onde os estudantes se concentravam para os atos entraram em recesso. Os políticos começaram a voltar atrás em algumas decisões que fomentaram os protestos. O governo anunciou medidas para conter os ânimos, como um plebiscito para reforma política — coisa que nunca aconteceu.

A máscara de Guy Fawkes, inspirada no filme ‘V de Vingança’ (2005), foi o maior símbolo das Jornadas de Junho. Foto: Mídia Ninja

Até haviam movimentos sociais engajados na organização dos atos — muitos fundados ali mesmo –, mas a maioria dos manifestantes sequer os conhecia. A massa que foi pra rua em 2013 o fez de forma orgânica, e sem uma organização central é difícil manter uma mobilização constante. Além disso, o movimento não tinha uma pauta única, e sequer era propositivo. Era um movimento negativo, de oposição à política estabelecida. E sem pauta não há mobilização.

Algumas passeatas continuaram acontecendo por todo o país, mas aquele movimento massivo e com forte apelo das Jornadas de Junho não conseguiu virar o mês. O resto é a história que todos conhecemos. Apesar disso, muitos dos sentimentos despertados em junho de 2013 permaneceram. Alguns para nossa sorte, outros para nosso azar.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O que aprendemos com as Jornadas de Junho?

Não é intenção deste texto dizer se junho de 2013 é ou não responsável pelo impeachment de Dilma Rousseff, a proliferação da extrema-direita, a eleição de Jair Bolsonaro e tudo que aconteceu depois. Primeiro porque centenas de textos já o fazem, e se há algo do que estamos longe nesse caso é do consenso. Segundo porque sequer tenho competência para isso. Mas algumas coisas são fatos.

Quem tinha minha idade ou pouco mais talvez se lembre dos grupos e páginas de Facebook cujos ícones estampavam a máscara de Guy Fawkes e cujas postagens convocavam e organizavam as manifestações, e também das fotos de colegas mascarados em avenidas com os filtros de um Instagram nascente. É impossível dissociar as manifestações de 2013 das redes sociais, dos grupos do Facebook, da chegada do WhatsApp, do Anonymous, da Mídia Ninja, dos vídeos que se espalhavam flagrando a repressão e até das fake news que começavam a surgir para poluir o debate e inflamar os ânimos.

A imprensa sob os jatos de pimenta. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

2013 nos ensinou que as redes sociais têm uma força política que foi subestimada até 2018. Também nos ensinou que o Brasil não é uma ilha, e que nessa globalização instantânea das mídias sociais será cada vez menos. Para nós, tudo parecia muito novo. Para quem observasse de fora um mundo sacudido pela Primavera Árabe, pelos Indignados da Espanha e pelo Occupy Wall Street, tudo era parte de um único contexto.

E, por isso, não compro a narrativa de que 2013 já iniciou com um caráter “fascista”. É verdade que boa parte do que alimentou a extrema-direita nos anos seguintes, como o sentimento de vale-tudo e a oposição radical a “tudo que tá aí” nasceu nas Jornadas de Junho, mas a origem daquele movimento é democrática. Apesar das pautas negativas, os sentimentos que levaram aqueles jovens a se rebelarem foram o desejo de participação política; a sede de se impor diante dos fatos do mundo; a vontade de marcar sua identidade, sua geração, de fazer parte de algo; e, após o dia 13, a defesa do próprio direito de se rebelar.

2013 também ensinou que toda manifestação de inconsciente coletivo clama por ser canalizada. Naquele momento, a esquerda que estava no poder há 10 anos estava distante de suas bases, enquanto a direita carecia de lideranças expressivas e era marcada pelos jogos de interesse com o poder da vez. Passado o ápice das Jornadas, o movimento se dissipou. À esquerda houve vácuo. À direita, Vem Pra Rua, MBL, Revoltados Online e muitos outros movimentos recém-criados souberam canalizar os sentimentos de revolta ali insurgidos.

Manifestantes atacam o Palácio do Itamaraty em 20 de junho. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Outro aprendizado é que certos limites não podem ser ultrapassados. Para a minha geração é difícil assumir isso, porque as fotos do Congresso tomado por manifestantes eram, para nós, inebriantes, mas aquele foi o embrião de uma normalização nociva de ataque à coisa pública e aos símbolos do poder democrático. Invadir o Congresso Nacional e lançar coquetéis molotov contra o Ministério das Relações Exteriores não são práticas de protesto legítimas em uma democracia e não podem ser novamente normalizadas.

O último aprendizado — e esse é ainda mais importante para o jornalismo — é que momentos como junho de 2013 exigem muita cautela na hora de serem condenados ou legitimados. Ninguém entendia ao certo o que estava acontecendo, por que estava acontecendo e quais seriam os resultados daquilo, mas todos tomaram posição. Isso é arriscado e perigoso.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Por que o ‘gigante’ acordou?

Ainda hoje é difícil estabelecer todos os motivos que fizeram eclodir uma revolta popular num momento em que o Brasil despontava e as políticas socioeconômicas se aproximavam de oferecer pela primeira vez uma dignidade básica para a totalidade dos brasileiros. Mas há, na minha visão sustentada apenas sobre as duas áreas que estudo — a mídia e a democracia –, duas explicações plausíveis — embora sejam apenas duas em uma gama.

Uma delas já foi citada: o surgimento e crescimento das redes sociais em um contexto de grandes mobilizações populares ao redor do mundo. O outro, e mais profundo, é a aparente contradição na qual a democracia brasileira havia mergulhado.

Os cartazes tomaram conta das ruas em 2013. Todas as nuances políticas que nos anos seguintes se tornariam inimigas, nesse momento, estavam misturadas, cada qual com sua cartolina e uma exigência particular. Apenas uma coisa era certa: aquilo não era mais por 20 centavos. Foto: Mídia Ninja

A Constituição de 1988 fez muitas promessas, e muitas delas foram realmente atendidas nos governos seguintes. Nossos governantes, à época, haviam resolvido a questão alimentar, estavam próximos de resolver a questão habitacional e se aproximando do pleno emprego. Mas há crises escondidas por trás desses sucessos da Nova República.

É verdade que quase todos os brasileiros em idade produtiva estavam trabalhando, mas também é verdade que seu poder de compra estava menor. O salário mínimo aumentava ano a ano, mas o valor do dinheiro diminuía. Uma classe baixa havia se tornado classe média e agora tinha casa e carro, mas estava atolada em dívidas, assim como os estudantes que alcançavam o sonho de se formar, mas não conseguiam pagar o financiamento. A classe média parruda recém-criada começava a ver seu crescimento relâmpago estagnar.

Foto: Mídia Ninja

Além disso, as desocupações realizadas para dar lugar às obras dos eventos esportivos revoltaram parte da sociedade, que via aqueles gastos como de uma colossal imoralidade para um país que ainda carecia de tantos serviços básicos. E embora o governo federal alcançasse sucessos significativos e fosse bem avaliado, nas grandes cidades, os mesmos problemas urbanos saturavam uma população cada vez mais integrada à vida das metrópoles.

Além disso, a elite política, cada vez mais distanciada do povo e de seus anseios, manchava a sua própria imagem, com crescentes suspeitas de corrupção e um aparente jogo de interesses sem fim. Embora a Lava-Jato ainda não tivesse exposto os esquemas do petrolão, a sujeira que se acumulava em Brasília já dava seus sinais.

Como dito, muito mais coisas envolvem a eclosão das Jornadas de Junho, mas é impossível pensá-las sem levar em conta que a democracia entrou em profunda contradição e não soube responder aos anseios de uma população que já havia conquistado algo e se recusava a regredir — ou, como bem disse o presidente Lula à época: “O povo tem pão e agora quer manteiga”. E o povo estava certo em querer manteiga, afinal, ela lhe foi prometida.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

2013: o ano que nunca acabou

O Brasil de 2023 ainda sente os efeitos de junho de 2013 e não aprendeu a lidar com as novas formas de fazer política que eclodiram ali. 2013 é um ano inacabado, e assim será por muito tempo, pelo menos pelo tempo em que a minha geração for politicamente viva, pois foi ali que nós nascemos.

Se hoje sou jornalista, é graças a 2013. E não se engane: muitos dos rumos da sua vida também tiveram 2013 como berço. Todos nós, que naquele momento tínhamos entre 10 e 20 anos, talvez 25, com nossos ideais, com nossos inegociáveis, com as questões sociais que nos tocam, com a nossa forma particular de enxergar o mundo, nascemos politicamente em 2013.

Todos nós fomos forjados por aquele ano inacabado e, como ele, apresentamos lacunas e contradições difíceis de serem preenchidas ou resolvidas. A nossa geração carrega diversos ideais, mas também carrega um vazio e um ceticismo produtos do tempo em que vivemos.

Protesto em Curitiba no dia 17 de junho. Foto: Melvin Quaresma/Creative Commons

Nós assistimos a um grito de revolta em 2013 que, nos anos seguintes, foi canalizado para coisas terríveis — das quais, é verdade, parte significativa de nós foi parte. O sentimento de vitalidade, a força motriz de transformar a realidade, rapidamente se transformou em impotência e medo.

Mas, apesar de todos os pesares — que não são poucos — , também há coisas boas em ter sido forjado pelas Jornadas de Junho. Foi essa formação que nos conferiu o que parece ser uma constante dessa geração: uma insatisfação permanente. Somos uma geração que dificilmente se satisfaz. Isso pode fazer de nós um pouco intransigentes, mas também nos faz vigilantes. Somos uma geração fundada no limbo entre o romantismo rebelde e o ceticismo derrotista.

Não considero ser tão simples e direta a ligação entre as ruas de 2013 e as urnas de 2018, mas é fato que o ciclo da social-democracia tucano-petista iniciada em 1994 terminou ali, para iniciar um limbo de 10 anos. Um limbo eletrizante e, na maior parte do tempo, aterrorizante, com possibilidades reais de fulminar a democracia.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Derrotado o bolsonarismo, talvez tenhamos encerrado o limbo caótico de 2013 e estejamos lentamente construindo uma nova temporada democrática. Talvez não. E o que definirá isso, grosso modo, é a capacidade da democracia brasileira de responder aos anseios que se acumularam e entraram em erupção em 2013 — e que, continuando sem respostas, foram canalizados para o extremismo. Afinal, o povo que tinha pão e queria manteiga, agora clama de novo por pão. Mas, quando o tiver, vai querer outra vez a manteiga prometida e nunca entregue. E com toda razão.

Só o tempo responderá a muitas das perguntas sobre aquele mês que mudou definitivamente a história do Brasil e marcou para sempre uma geração que sentiu ali as dores e os prazeres de vir ao mundo. A primeira geração desde os caras-pintadas e a última até o momento que nasceu politicamente a partir de sentimentos de potência e efervescência.

Essa história ainda não acabou e dificilmente acabará. Enquanto tentamos terminar de escrevê-la, é importante manter aquele mês vivo em nosso consciente coletivo. Afinal, recalcar eventos não elaborados pode provocar refluxos.

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João Vitor Castro
Revista Brado

Jornalista, editor-chefe da Revista Brado e autor de “Refluxo” (Pedregulho, 2023).