O homem é lobo do homem?

Victória Pagani Samora Sousa
Revista Brado
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4 min readJun 11, 2020

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O “Leviatã” de Thomas Hobbes, considerado uma das principais obras do pensamento político. Imagem: Reprodução

Essa frase, que originalmente pertence ao dramaturgo romano Plautus (254–184 a.C.), foi difundida por Hobbes para sintetizar sua concepção da natureza exploradora do ser humano, aproveitadora dos mais fracos, usurpadora por instinto do que é do outro, colocando-se acima dos demais e tendo como prioridade máxima o bem-estar individual ao invés do coletivo. Mas será que o ser humano é de fato mal por natureza?

O ser humano é uma espécie brilhante. É a única capaz de dominar todas as demais espécies utilizando sua razão, além de conseguir adaptar o ambiente em que vive frente às suas limitações evolutivas. Por que então utilizar tamanha destreza para a destruição?

O ser humano também é a única espécie que em tão pouco tempo provocou tanto impacto negativo no planeta do qual é diretamente dependente para sobreviver, além de ter devastado milhares de outras espécies e estar caminhando para a própria extinção. Não há motivos plausíveis que possam justificar tanta propagação de ódio e violência desmedida pelo ser humano ao longo da história. Mas como isso se tornou tão normal?

Imagem: Freepik

Há milênios o comportamento humano é observado e documentado por meio de registros históricos, os quais nos mostram como ele, em nome da ganância e do individualismo, promoveu injustiças ao longo de sua existência. Seja nas guerras santas, que usaram a fé como uma prerrogativa para matar milhares de pessoas, mas que, na verdade, escondiam objetivos comerciais; seja na ocupação imperialista de países na África e na Ásia em nome de uma missão civilizatória, que se mostrou uma verdadeira farsa, uma vez que, saqueados e explorados, a maioria dos países da região amarga a miséria e a morte de inanição até hoje; seja o extermínio e aprisionamento dos índios do início ao fim da colonização brasileira, que se dizia em nome da fé, mas que só tinha como propósito deixar o caminho livre para a ocupação e exploração das novas terras.

Enquanto o ser humano for implacável com as criaturas vivas, ele nunca conhecerá a saúde e a paz. Enquanto os homens continuarem massacrando animais, eles também permanecerão matando uns aos outros. Na verdade, quem semeia assassinato e dor não pode colher alegria e amor.

— Pitágoras, filósofo grego, por volta de 500 a.C.

Hobbes estaria certo ao afirmar que o homem é mau por natureza? Eu acredito que não! O homem não nasce mau; ele alimenta a maldade em nome de interesses próprios e inventa desculpas para ter sucesso com isso. Ele mente, explora e inventa preceitos humanitários para convencer os outros que faz o certo, pois, do contrário, o restante da sociedade não apoiaria tamanha crueldade.

Agora vamos exercer a autoconsciência: quais desculpas você está inventando para si mesmo a fim de manter o comodismo da sua vida, mesmo sabendo que seu estilo de vida é prejudicial para si, para aqueles que estão ao seu redor e para o planeta no qual você vive?

Eu não acredito que um único ser humano seja capaz de destruir o mundo no qual vive, nem de salvá-lo, mas não podemos fugir das nossas responsabilidades individuais enquanto cidadãos, assim como não devemos permitir que o governo se ausente das suas responsabilidades e que as transfiram ao povo.

Reprodução

Hoje no Brasil vivemos um Estado democrático de direito: o que isso significa? Que temos como direito e dever ditar as regras do jogo!

Nós elegemos representantes das nossas vontades enquanto sociedade, dessa forma nossa opinião deve ter mais influência do que a opinião pessoal dos nossos representantes. Sendo assim, eu venho aqui te convidar a soltar sua voz e se fazer ouvido.

Não temos um “planeta B”, precisamos cuidar melhor da nossa casa e garantir que todos estejam fazendo sua parte, não deixe seu brado ser silenciado!

Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come.

— Greenpeace.

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