O que é “triple bottom line” e por que isso é uma chave de sucesso para o seu negócio?

A aplicação dessa prática em sua empresa pode ser um dos seus maiores impulsionadores

Lucas Merhi Faria (@ajornadasocial)
Revista Brado
4 min readJul 23, 2020

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Foto de Akil Mazumder no Pexels

Por muito tempo as empresas se dedicaram apenas a aumentar os seus lucros, maximizar retorno para os acionistas e assim garantir a longevidade da empresa. Porém, na atualidade, muita atenção está sendo voltada para a preocupação com a sustentabilidade, não só financeira, mas também social e ambiental.

É nesse contexto que John Elkington cunhou o termo “triple bottom line”, no intuito de dar mais visibilidade para as 3 áreas da sustentabilidade e garantir que as três estejam sendo levadas em consideração na tomada de decisão.

Mas, afinal, o que é “triple bottom line”?

Expandindo a ideia da mensuração de sucesso das empresas para além do lucro, essa teoria vem apresentar a necessidade de balanços relacionados não só com a saúde financeira da empresa, mas também sobre a relação de impacto ambiental e social atribuídos à empresa.

Para explorar melhor essa ideia é válido entender a que se remete o termo bottom line. Esse é um termo normalmente vinculado à última linha dos demonstrativos da empresa, onde encontramos o valor atribuído aos lucros.

Dessa forma, o termo triple bottom line cobra que existam demonstrativos não só para a parte financeira, mas também relacionados com o social e o ambiental. Na última linha teríamos o quanto de impacto (positivo ou negativo) foi gerado pela empresa nas duas áreas, garantindo que o sucesso financeiro não aconteça às custas dos outros dois pilares da sustentabilidade: o social e o ambiental.

O triple bottom line é uma forma de ver o balanço da empresa com o olhar nos 3 P’s: People, Planet e Profit, ou, em português, o PPL: pessoas, planeta e lucro. Isso passa uma visão mais holística da empresa. Vamos entender um pouco melhor cada um dos pilares:

Pessoas:

Essa área do tripé avalia todo o impacto em capital humano que a empresa gerou, incluindo não só os colaboradores, mas também os acionistas, fornecedores, clientes e sociedade como um todo. Dessa forma, é avaliado tanto o que foi positivo quanto o que foi negativo para todas as pessoas que têm relação direta ou indireta com a empresa. Isso permite desenvolver diversas áreas para melhorar esse setor, como: horários mais flexíveis; maior atenção para a saúde mental e física dos colaboradores; local de trabalho seguro; trabalhos sociais com a sociedade nos entornos da empresa; entre outros.

Planeta:

Basicamente consiste em como a empresa se relaciona com o meio ambiente em que ela está inserida. Se ela desenvolve novos processos e tecnologias para que menos impacto ambiental seja gerado; trabalhando para melhorar a reutilização e descarte dos subprodutos; tentativa de usar mais energias sustentáveis; e aplicação de logística reversa.

Lucro:

Esse é o segmento mais fácil e mais comum de ser medido dentro das empresas, relacionando com a saúde financeira e com quão bom é o retorno dos investimentos feitos por ela.

Foto de Markus Spiske no Pexels

Acredita-se que medindo cada um desses é possível tomar decisões que sejam mais alinhadas com a longevidade da empresa, trazendo retornos mais duradouros e melhores no longo prazo. Portanto, espera-se que melhorias em um dos três pilares gerem um impacto positivo na empresa como um todo.

Apesar de contra-intuitivo olhar para esses outros dois aspectos, em vez de focar só no lucro, essa prática tem se mostrado eficaz em trazer mais retorno para o acionista no longo prazo. É esse o motivo dessa boa prática vir sendo amplamente aplicada pelas multinacionais ao redor do mundo. Hoje, cerca de 68% das multinacionais da Europa ocidental fazem os balanços do triple bottom line,mesmo sem nenhuma obrigação de que o façam.

Independentemente da ampla aceitação, também existem críticas ao modelo por apenas um dos pilares ser de fácil mensuração, deixando muitas vezes o desafio de medir o impacto social e ambiental sujeito a métricas subjetivas ou de decisão conveniente dos executivos da empresa.

Dessa forma, o triple bottom line pode se tornar só mais uma forma de maquiar os números e apresentar uma realidade turva, descumprindo com o real objetivo que é fazer com que os executivos das empresas consigam usar essas métricas para uma tomada de decisão mais consciente não aumentando o lucro em troca de um impacto negativo nos pilares ambiental e social .

Essa crítica faz sentido e é importante para o debate, mas, diante de uma opinião pública cada vez mais informada e buscando transparência, é pouco provável que as empresas consigam manipular esse tipo de dado, e aquelas que o fizeram, cairão em descrédito permanente.

Em um mundo em que cada vez mais pessoas e negócios se preocupam com a sustentabilidade e buscam por formas de fazer uma gestão consciente de todos os impactos gerados, o triple bottom line vem se tornando uma boa prática das empresas, com grande tendência de se tornar obrigatório em um futuro próximo.

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Lucas Merhi Faria (@ajornadasocial)
Revista Brado

Cofundador da FARMly Apaixonado por Empreendedorismo social, amo ajudar empresas a gerarem impacto positivo. Falo sobre: Gestão, inovação e impacto.