Sun Tzu: mulher e negra, a guerra do século

Com 51% da população brasileira composta por mulheres e 54% por negros, temos uma visão panorâmica de como o feminismo e a luta pelo fim da segregação racial cooperaram para a sociedade pós- século XVIII

Loraine
Revista Brado
3 min readJul 23, 2021

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Marcha das Mulheres Negras na zona Sul do Rio De Janeiro. Foto: Pablo Vergara

Com a ascensão de uma quantidade gratificante de movimentos sociais, uma frente de questões, principalmente sobre como a aliança entre eles se daria, têm surgido de forma na sociedade. Além de questões que têm dividido obtusamente a forma como a política vem sendo realizada, grupos são submetidos à escolha de apoiar uma causa ou ser adeptos a outra — como se só o fato de ser militante não fosse repressão o suficiente.

O conceito de uma causa como mais relevante que a outra é de certa forma até criminoso, se comparado ao histórico de construção de cada um desses movimentos. Mas quando falamos em quantitativo, tendo em vista a população brasileira — composta em 51% por mulheres e 54% por negros —, temos uma visão panorâmica de como o feminismo e a luta pelo fim da segregação racial cooperaram de forma circunstancial para o desenvolvimento da sociedade pós-século XVIII.

Vereadora carioca Marielle Franco. Foto: PSOL

A cada minuto uma mulher é agredida no Brasil e a cada 5 um negro é moralmente assediado. Um triste padrão de sucessivas formas de agressão contra esses grupos vem se repetindo de forma trágica ainda com os esforços dessas frentes. Tendo em vista toda a grande repercussão por casos infelizmente não isolados de repressão a esses grupos, o questionamento que fica é: se ser negro ou ser mulher por si só já é desafiador, o que exatamente significa ser uma mulher negra?

Muito aquém da violência doméstica ou do assédio moral que esses grupos vivenciam, aqui nos referimos também a todo o suposto padrão estético imposto. Marcas de roupa, cosméticos e tudo que possa ser produzido pelo sistema capitalista vêm cada vez mais reforçando, através de uma falsa militância, o estereótipo de que o bonito é só o que é comprado.

Vinculado a tudo isso, ainda temos todas as mídias sociais que, por sua vez, adeptas a essas falsas causas, reforçam toda essa suposta necessidade de ser uma mulher/pessoa negra de determinada forma para atender a um determinado quesito que em tese sabemos que só reforça tudo o que esses grandes movimentos trabalham constantemente para desconstruir.

Foto: Getty Images

A ideologia que precisa ser desconstruída é a de que a mão de obra feminina e negra é escassamente mais barata ou menos qualificada. Todos os grandes acontecimentos históricos datados até hoje possuem participação feminina; e não se cita em nenhuma esfera profissional uma área em que não tenhamos como destaque uma pessoa de etnia afrodescendente.

Sexo frágil e cabelo pixaim são perjúrios que nem nos meios mais conversadores são aceitos. E esses movimentos estão cada vez mais dispostos a mostrar que, independente do grau de instrução, preconceito é preconceito. Cabelo bom não é outro nível. É crime. Ser mulher e negra não é apenas uma condição biológica, é um ato de sobrevivência. E enquanto existirem grupos que pensam o contrário, seremos resistência.

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