Biografia e livro de inéditos ampliam olhar sobre Carolina Maria de Jesus

Leia na íntegra o conto “O escravo”, reunido no volume “Meu Sonho é Escrever…”

Andrei Reina
Revista Bravo!
13 min readMar 13, 2018

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Carolina Maria de Jesus

A luta por reconhecimento de um artista brasileiro oriundo das classes populares não termina em vida. Mesmo àqueles que, por alguns instantes, estiveram sob os holofotes são devidas reparações que cabem a nós, no presente, levar adiante — basta pensar naqueles que chamaram “primitiva” a arte de Maria Auxiliadora e nos que hoje garantem justa visibilidade às suas telas nas paredes do Masp.

No momento em que autores negros do passado e do presente, como Lima Barreto e Conceição Evaristo, têm suas obras reavaliadas, uma figura mais completa da escritora Carolina Maria de Jesus, para além do fenômeno editorial Quarto de Despejo, começa a surgir. Para ajudar a compor esse retrato, chegam nesta semana às livrarias uma nova biografia e uma reunião de textos inéditos de Carolina — leia com exclusividade o conto O escravo ao final da reportagem.

O objetivo do jornalista Tom Farias no livro Carolina: Uma Biografia foi suplantar o vazio bibliográfico a respeito da escritora, sobretudo nos períodos anterior e posterior à publicação de Quarto de Despejo, quando não esteve em evidência. A leitura não deixa dúvidas sobre o projeto literário e os obstáculos enfrentados por Carolina: aprende-se, por exemplo, que à época em que ela desponta publicamente como autora, após ser “descoberta” pelo repórter e futuro editor Audálio Dantas, ela já contava com romances escritos e textos publicados em jornal.

Nos textos inéditos reunidos em Meu Sonho é Escrever…, tem-se a confirmação de que Carolina não era apenas autora de relatos sobre a vida na favela. Com interesse e formas variadas, os textos são apenas uma pequena amostra das cinco mil páginas manuscritas deixadas pela escritora em cadernos que encontrava no lixo. Foi sobre este material que Raffaella Fernandez, organizadora do livro, se debruçou em seu doutorado, defendido na Unicamp e prestes a ser publicado pela editora da UnB. Antes, a professora da Universidade das Quebradas, no Rio de Janeiro, já havia estudado o que chama de “poética de resíduos” na literatura de Carolina em seu mestrado, na Unesp.

Carolina: Uma Biografia será lançada nesta quinta (15) na Casa das Rosas, em São Paulo, e no dia 20 na Livraria Travessa de Ipanema, no Rio de Janeiro. Já Meu Sonho é Escrever… será lançado neste domingo (18) na Galeria Olido, em São Paulo, durante a Mostra de Literatura Negra. Fernandez também prepara para este ano o documentário Shopchão, livremente inspirado em Carolina de Jesus e Arthur Bispo do Rosário.

Além dos lançamentos de livros, os próximos dias terão homenagens a Carolina Maria de Jesus em diversos formatos. Amanhã (14), no dia em que a escritora faria 104 anos, o grupo de teatro Os Crespos apresenta a intervenção cênica Ensaios sobre Carolina no Instituto Moreira Salles de São Paulo. No dia 21, o IMS do Rio abriga uma leitura musicada de Quarto de Despejo com o ator Wilson Rabelo e a violonista Mariana Bernardes.

Carolina com a atriz Ruth de Souza

A Bravo! conversou com o jornalista Tom Farias e a pesquisadora Raffaella Fernandez sobre os lançamentos editoriais de Carolina Maria de Jesus e sobre as idas e vindas da recepção de sua obra. A entrevista está dividida em três partes.

1. A biografia

Como surgiu o interesse em fazer uma biografia de Carolina Maria de Jesus?

TF: Em 2014, ano do centenário de seu nascimento, organizamos em São Paulo, através da Flinksampa, uma série de homenagens — livros, filmes, exposições, debates e conferências — nas quais abordávamos sua trajetória e a sua importância no cenário das letras nacionais. Neste evento, houve uma grande aproximação da família. Também pude constatar a escassa bibliografia a respeito de Carolina, sobretudo biografias e textos analíticos de sua obra — estes, quando muito, abordavam o âmbito da publicação do Quarto de Despejo — diário de uma favelada (1960) e sua condição de moradora da favela do Canindé. Foi daí que nasceu em mim a necessidade de escrever algo que pudesse ir às suas origens mineiras, desde a pequenina cidade natal de Sacramento, levantar os pressupostos de sua vinda para São Paulo, a publicação dos seus livros, a saída da favela, o percurso de sua obra — que virou best seller no Brasil e no mundo — e, acima de tudo, o aspecto humano de sua vida, como mãe de três filhos e escritora até o final de sua vida, aos 62 anos.

É comum que se veja a vida Carolina Maria de Jesus como legendária, sobretudo por ter se tornado escritora tendo origem social humilde. Escrever sua biografia confirmou ou desmentiu esse aspecto mítico?

TF: Não vejo Carolina como uma lenda nem como mito. Para a compreensão do universo das mulheres negras, sobretudo no Brasil, a escritora mineira representa ainda (como representou bem na sua época) a abertura de um processo de superação, que atingiu não só as mulheres de sua classe social, mas toda a sociedade negra brasileira. Por outro lado, ter a Carolina como referência intelectual é algo que confortou e melhorou a autoestima de muitas mulheres, sobretudo pobres e de periferias, que viram nela um modelo a ser seguido. Aí pode ser que se enquadre a questão do mito, uma vez que muitas das mulheres pobres e de periferias que passaram a acessar a literatura de Carolina, a tenha apenas conhecido pelo lado grandioso, distante, alegórico, exaltado dos relatos propostos — o que reforça a posição de mito do ponto de vista do alcance ou da falta dele.

É preciso dizer que Carolina foi uma escritora de fato. Ela publicou o romance Pedaços de Fome (e deixou outros inéditos); muitas poesias nos jornais, mais tarde reunidas em livro; deixou póstumo o Diário de Bitita (que não é um diário mas um livro de memórias); dramas, peças de teatro; pensamentos, aforismos, provérbios; letras de músicas; crônicas, contos, textos jornalístico. Portanto, incomoda essa redução da escritora Carolina como autora de “um relato”, de “um diário”, de “anotações sobre sua vida na favela”, quando de fato ela exerceu a escrita de forma plena e profissional.

Por que Carolina, no fim das contas, não foi incorporada ao sistema literário brasileiro em vida? Quais fatores influíram para que o fim de sua vida fosse um “triste epílogo”, como apontado no livro?

TF: Paira no Brasil até hoje o chamado preconceito linguístico. Do ponto de vista do cânone, Carolina é vista como uma exceção que não pode ser aceita à regra. O padrão de castas no Brasil (sobretudo das castas ditas literárias) jamais vai permitir que uma mulher negra, pobre e com baixa escolaridade reconhecida pelo sistema padrão de ensino, se torne uma referência literária, onde pontifica Jorge Amado, Clarice Lispector, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos etc. Esse é um mercado altamente disputado. Cada milímetro das vitrines das livrarias, dos espaços das colunas dos jornais e revistas, cada tempo de resenhador, é algo tão precioso que só existe para essas ditas castas, e mais ninguém. Ora, imaginar Carolina sendo estudada nas academias, glorificada nas rodas dos castelos literários, é pedir muito a uma constelação que boicotou o lançamento do seu livro, que a taxou de “escritora favelada”, de “analfabeta”, que riu dos seus ditos erros gramaticais. Essa turma procurou colocar Carolina no seu “lugar”, mas ela subverteu tudo isso, foi revolucionária, deu uma banana verde para todo mundo e vendeu livros e foi amada e glorificada, pelo menos durante um período de sua vida. No entanto, tanto fizeram que essa força contrária ao padrão literário imposto por Carolina venceu, pela força e pela violência dos ataques, das calúnias, da inveja e da mentira. Carolina foi taxada de comunista, alienada, louca, polêmica, encrenqueira… Com isso, sua obra parou de ser publicada e ela, muito rapidamente, caiu em um esquecimento articulado e criminoso. Por ser uma mulher contraditória, como todo ser humano, Carolina foi escolhida como exemplo a não ser seguido pela elite letrada, pela elite do poder. A resistência contra o modelo Carolina Maria de Jesus é o medo da eclosão de um poderoso quilombo caroliniano brasileiro — que ecloda das favelas, das periferias, das comunidades ditas iletradas.

Carolina na antiga favela do Canindé, em São Paulo

2. O livro de inéditos

Qual é a origem dos textos inéditos reunidos no livro Meu Sonho é Escrever?

Raffaella Fernadez: Na tese de doutorado que defendi na Unicamp eu fiz um mapeamento, uma cartografia de tudo o que Carolina Maria de Jesus escreveu — mais de cinco mil páginas. A ideia de fazer livros como esse surge em 2001 quando, pela primeira vez, tive contato com os manuscritos da Carolina na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Lá eu descobri que ela escrevia romances, contos, crônicas, poemas. Carolina não escreveu só diários — e mesmo nos diários, a escrita dela é muito literária. A partir daí comecei a estudar e me aprofundar cada vez mais na obra literária dela. Fui até a Vera Eunice [filha de Carolina], que me conheceu naquela época, e falei que gostaria de saber onde estavam os outros materiais, os outros cadernos e ela foi me falando onde estava um, onde estava outro. Conseguimos que o Audálio Dantas devolvesse os cadernos que ficaram com ele para a feitura do Quarto de Despejo. Lá fui notando que nesses cadernos não tinham só diários. Ela tinha uma linguagem muito misturada, híbrida, fragmentada. Eu me interessei em mostrar ao público isso que me fascinou na obra dela, uma obra extremamente original e que foi muito recortada, solapada. Esse livro, Meu Sonho é Escrever, é a realização não apenas dessa frase de Carolina mas do nosso sonho de ler sua obra.

O que esses textos até então inéditos revelam sobre a escritora?

RF: A obra de Carolina tem essa forte característica do discurso mesclado, misturado, uma poética de resíduos em que ela une o literário com o não literário. E como os cadernos que ela usava eram encontrados no lixo, no mesmo caderno você pode encontrar trechos de romance, poemas, diários. Tudo é muito residual, feito com a emergência do momento. A Carolina tem essa pegada do improviso. Nesse sentido ela é muito contemporânea e dialoga com o [artista plástico] Arthur Bispo do Rosário, por exemplo. Esse livro revela, para além da Carolina estigmatizada, testemunhal ou apenas como uma escritora de diários, uma outra Carolina, que está no centro de uma margem social e que faz uma literatura muito específica desse local e dessas condições. Eu escrevi um artigo comparando a Carolina com o Bispo do Rosário, porque vejo nos dois uma poética comum. Uma que se faz com os restos da sociedade mas que resiste a partir dele e, a partir dele, cria o novo — é um Basquiat também. Acho que o livro vai possibilitar essa imagem da Carolina, vai ampliar os horizontes dos leitores e realizar o sonho dela mesma. E eu espero que com isso todas as obras de Carolina venham a público.

Carolina Maria de Jesus

3. Luta por reconhecimento

No ano passado, a obra de Carolina Maria de Jesus foi objeto de polêmica durante debate na Academia Carioca de Letras. Discutia-se, então, se livros como Quarto de Despejo têm valor literário ou se são apenas relatos. Qual sua opinião?

TF: Eu estava, por acaso, presente. Havia sido convidado por Martinho da Vila (na verdade eu deveria ter composto a mesa, mas fui preterido porque só havia homens, daí entrou em cena o convite à minha querida amiga Elisa Lucinda). Foi um debate inócuo. Ninguém merece um debate ou uma polêmica daquela, nem a memória de Carolina Maria de Jesus. A ideia de que a escritora mineira não é escritora porque escreveu um diário é preconceito porque ela é mulher, negra, morou numa favela e tem pouco estudo. Fora isso não aconteceria. A Academia é ridícula e retrógrada quando mantém tal pensamento colonial. Existem centenas de diários publicados no mundo inteiro, como os de Anne Frank, Josué Montello, Getúlio Vargas e Pedro Nava — nenhum desses foi acusado de praticar subliteratura, pelo contrário, eram “memorialistas”. No caso de Carolina, o que incomodou foi o sucesso dela e o volume de dinheiro que ganhou. Tornar-se best seller para os padrões da época, no caso dela, não era fácil. Muitos dos escritores que a viram sair do “inferno” (como ela denominava a favela) para a “sala de visitas”, viram Carolina catar papel nas ruas de São Paulo, pedir comida, vestida com trapos de roupa. A polêmica só existiu porque continuamos a pensar com a cabeça do colonialismo: há um grupo que continua a defender suas castas, seus supostos padrões de beleza, sua suposta superioridade intelectual. Hoje não cabe mais isso: tem milhares de Carolinas para provar o oposto disso, e Elisa Lucinda é uma das tantas delas.

RF: São lugares de poder canônicos que a Carolina — com a sua figura, com a sua escrita, com seu corpo escrito — questiona. Muitos pesquisadores, quando analisam sua obra, partem do princípio de que Carolina rompe o cânone. Na minha opinião, ela arromba o cânone. É como se ela desse um empurrão na porta da Academia de Letras e entrasse. Aceitar e publicar Carolina, colocá-la nas escolas e nas universidades é ocupar espaços. Sempre se diz que Carolina faz uma literatura testemunhal, de diário, de protesto. Isso é importante, mas não é só esse lugar que ela ocupa. Sua escrita é não apenas de denúncia, é uma escrita elaborada, que tem uma proposta, um projeto literário. O seu lugar de fala, para usar uma terminologia que a Djamila Ribeiro explora em seu último livro, vai além desse lugar da mulher que muitas vezes foi forçada a colocar um lenço na cabeça para aparecer em fotografias nos jornais da época, mas uma mulher que se vê como e se sabe artista e escritora.

Nos últimos anos temos visto um crescente interesse na obra de Carolina. Como mudanças na sociedade, como as batalhadas pelos movimentos negro e feminista, influem nessa renovação?

TF: A sociedade está aos poucos dando os seus passos e há, de fato, um movimento de renovação, capitaneado pelas novas gerações, principalmente com a liderança das mulheres negras, que avançam nos estudos, em especial na pós-graduação, na politização de suas opiniões e ideias, no empoderamento feminino (vide a escritora Conceição Evaristo, a filósofa Djamila Ribeiro, a ativista Giovana Xavier, a CEO Raquel Maia, a empresária Zica de Assis etc). Isso explica, de certa maneira, o aumento do interesse em torno da escritora Carolina Maria de Jesus e de sua obra, parte integrante desse movimento de renovação, com fulcro nos regastes dos valores esquecidos. Hoje existe um outro setor de comunicação que vem sendo utilizado pelas classes mais pobres, o movimento social de favela, movimento social negro, movimento social de mulheres, jovens de todas as idades. É nessa onda que Carolina vem se impondo, cada vez mais, como uma escritora de direito e de fato — memorialista, poeta, romancista, compositora, dramaturga, pensadora, jornalista. Esta é, na verdade, a Carolina ainda ocultada por uma grossa camada de preconceito e perfídia. Os movimentos sociais lutam para “desemparedar” Carolina (para lembrar o “Emparedado” de Cruz e Sousa). Não é uma batalha fácil; muito menos pouco cansativa. Mas há muito sangue novo, de guerreiras e de guerreiros, disposto a ser derramado por esse bem maior que é o acesso ao estado democrático de direitos e à verdadeira denominação do livre pensamento. São, sem tirar nem por, as ideias de Carolina sendo postas em prática.

RF: Sem dúvida nenhuma o crescente de publicações de autores negros e a revisitação, a reconsideração e a visibilidade da obra de Carolina vem desse montante de luta. Precisou que houvesse todo um processo de luta e de reivindicação de ocupação de espaços, de lugares de fala, para que essa abertura, esse reconhecimento acontecesse. Mas é também um acúmulo de pesquisas feitas ao longo dos últimos 20 anos e de todo esse conhecimento que se pôde ter através do acesso e da negociação entre aqueles que estavam com os manuscritos de Carolina para que se pudesse chegar até material inédito. Inédito e desconhecido, porque sempre se pautou muito Carolina a partir do livro Quarto de Despejo. É tudo aquilo que ela não quis, porque ela sempre quis ser reconhecida como uma grande escritora. E tinha consciência disso, pois tinha projetos literários que não foram desenvolvidos. No meu caso, tive esse privilégio de acessar a obra e insistir, contrariando toda uma lógica acadêmica que dizia e diz que Carolina não é escritora. Essa última publicação é apenas um dos esforços para se chegar a essa grande escritora que tem, por exemplo, sete romances inéditos. Eu espero que a gente consiga cada vez mais publicá-la — se possível, as obras completas.

Carolina Maria de Jesus

Leia o conto inédito “O escravo”, de Carolina Maria de Jesus

Quando iniciaram o tráfico de negros para o Brasil os ricaços do Rio de Janeiro foram os primeiros que compraram os negros para revender. Entre eles estava o meu bisavô, que foi revendido várias vezes. Como quem compra é dono, os pretos não tinham vontade própria.

Um preto apanhava muito e resolveu fugir. Embrenhou-se na mata. Andou indeciso até encontrar uma taba de índios. Quando eles viram o preto pensaram que era um macaco.

O preto quis fugir, mas foi atingido por uma flecha na perna e caiu gemendo. Os índios se aproximaram, observando-o, incrédulos, a sua cor preta. Cor da noite. Carregaram o preto para a taba. Retiraram a flecha e o sangue jorrou.

Eles provaram o sangue. Era doce igual ao sangue dos brancos. E era vermelho igual ao sangue das feras que eles abatiam. Falavam. E o preto não entendia. Mas o gemido do preto era igual ao das pessoas feridas. Pensaram: será que este homem de pele preta da cor da noite é melhor do que os brancos? Resolveram curar a ferida que sangrava. Puseram uma infusão, e a dor cessou. Deram ao negro frutas selvagens, carne de aves e peixe para comer.

Mas conservaram o preto amarrado com cipó e embira. O preto chorava e pensava na sua mãe, que devia estar amarrada no tronco. Recordava da África, onde ele era feliz e podia cantar ao som da cuíca e da canjarra. Um dia levaram o preto às margens do rio para lavá-lo. Começaram a esfregar o preto com uma pedra rústica para clareá-lo. Dois seguravam e outros esfregavam.

Deixaram o preto em carne viva. Ele chorava e morreu de dor. Os índios pensaram que a sua cor preta era sujeira. Pobre preto que ansiava a liberdade e encontrou a morte! Ou, de um jeito, ou de outro, o preto sempre encontra obstáculos na vida.

Carolina: Uma Biografia, Tom Farias. Malê Edições, 402 págs., R$ 72.

Carolina Maria de Jesus — Meu Sonho é Escrever…, Raffaella Fernandez (org.). Ciclo Contínuo Editorial, 138 págs., R$ 40.

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