"Costuras", nova individual de Sandra Antunes Ramos

Helena Bagnoli
Revista Bravo!
Published in
3 min readJun 4, 2019

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A artista paulista expõe a partir de hoje no Rio de Janeiro cerca de 30 pinturas em pequenos formatos. Até o dia 11 de julho

Sandra Antunes Ramos não fez um percurso tradicional nas artes visuais, onde sempre viveu imersa. Artista gráfica, fez séries de livros de arte, participou da produção das dezenas de trabalho do seu marido, o artista Nuno Ramos, até se deparar com caixas de lápis de cor e começar sua epopéia particular em 2014, quando inaugurou sua primeira individual.

Chamava atenção os pequenos formatos vibrando as cores surgidas dos lápis , a precisão do traço, o papel algodão que engolia a densidade dos desenhos. Na época, lembro de ter lido ela comentar que gostava de usar a escala da mão, não a do corpo, achei interessante. O resultado era forte, muita delicadeza e ousadia.

Hoje, a artista inaugura uma nova mostra, sua quarta exposição, “Costuras”. São cerca de 30 pinturas ainda em pequenos formatos, que misturam tinta a óleo e costura sobre papel. Retângulos, quadrados, sem cores uniformes - as vezes com uma luz diáfana- sugerem paisagens e se finalizam com costuras em fios dourados que evocam formas e figuras.

Perguntei a artista como foi esse caminho do lápis de cor ao óleo: “foi meio natural, ao longo do tempo eu fui usando outros materiais, caneta metalizada, o próprio lápis ali no seu limite. O óleo veio na sequência, só que ele é muito mais lento, demora para secar e lidar com essa espera para mim foi uma nova questão, o meu fazer ficou ainda mais lento”.

A artista trabalha com campos de cor, sua marca registrada, e aqui evoca as linhas de junção, linhas fluidas costuradas e une tudo à grades geométricas.

Sandra contou que "essa série foi chegando naturalmente. Na segunda exposição que fiz já houve um link para essa, surgiram brancos e novas texturas. Aqui a grade geométrica tornou-se clara, firmaram-se os blocos de cor e as linhas, que parecia juntar tudo. O que aconteceu é que a costura foi ficando muito forte, ela criou uma necessidade de existência e eu senti a necessidade de trabalhar com ela mais a fundo. A tônica veio da costura".

Sobre o papel, base conceitual do trabalho da artista, ela utiliza folhas de ouro, chapas de cobre e latão, tinta a óleo, tinta acrílica metalizada, caneta metalizada, cera para dourar e linhas metalizadas, material que a artista garimpa em suas viagens. As pinturas, em média de 21 x 21 cm, são, em sua maioria, quadradas e dividas em três planos.

A artista conta que abdica do pincel. “Eu pinto com os dedos. O material mais forte que uso é o bastão oleoso, que espalho com a mão. O resultado é um trabalho minucioso.

Para o crítico de arte Alberto Tassinari, Sandra cria peças “no tamanho das coisas que a mão pega”. A arte de Sandra pede contemplação, precisam ser olhados de perto. Caso contrário, não pulsarão. Ao aproximar-se deles, é como se o olhar os abrisse com uma grande angular. Ou, ainda, com o foco fechado, ora aqui, ora ali, na superfície de seus movimentos infindáveis. Não enchem a sala, mas inundam o olhar”.

“Costuras”
Sandra Antunes Ramos
Visitação: de 5 de junho a 11 de julho, de segunda a sexta, de 10h às 18:30h; sábado de 10h às 14h
Local: Mul.ti.plo Espaço Arte
Tel.: +55 21 2259–1952
http://multiploespacoarte.com.br/

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