Julia, a escrevinhadora

Guilherme Werneck
Revista Bravo!
Published in
3 min readOct 11, 2016
Julia Holter por Tonge Thilesen

Na próxima quinta-feira, às 22h, a Audio, em São Paulo, inaugura uma noite dedicada a jovens cantoras internacionais. Nesta primeira edição, está a dupla franco-cubana Ibeyi e a cantora norte-americana Julia Holter.

Holter começou a carreira sozinha, distribuindo suas canções na web. Os primeiros trabalhos eram bastante experimentais, cantando e produzindo todos os sons, usando tramas sonoras intrincadas a partir do uso de eletrônica e de objetos sonoros ou sons encontrados. Com uma escrita própria, seus discos se aproximam da literatura tanto no que tem de poesia como no diálogo com obras de autoras como a francesa Colette e a inglesa Virginia Wolf.

Depois desse começo mais solitário, registrado em Tragedy (2011) e Ekstasis (2012), Holter assinou com o selo Domino e lançou dois discos acompanhada de uma banda, Loud City Song (2013) e Have You In My Wilderness, este último considerado um dos melhores discos do ano passado.

Holter respondeu por email às perguntas da Bravo!.

Seu álbum Have You in My Wilderness foi considerado um dos melhores de 2015 por alguns dos mais importantes blogs e publicações de música. O que mudou na sua vida após esse reconhecimento?

Não sei se mudou muito, graças a Deus, haha. Estou feliz com o jeito como as coisas estão. Só espero poder continuar a viver de música, o que é uma bênção em si mesmo.

Você foi muito comparada à Kate Bush, como se sente com essa comparação?

Humm, amo Kate Bush. Não sei se sou tão comparada a ela, mas mesmo assim é cool.

Na maior parte das suas canções você opta por contar histórias em vez de falar se si mesma. O que inspira a sua escrita?

Não tenho uma coisa específica que me inspira. Quando estou buscando escrever letras, me pego muitas vezes procurando palavras, mas normalmente só depois de ter descoberto as ideias harmônicas e melódicas da canção. É um processo confuso, difícil de explicar. Mas gosto de procurar palavras em configurações interessantes e de ver palavras que me inspirem.

Loud City Songs foi inspirado no livro Gigi, de Colette, em Ekstasis você cita Frank O’Hare e Virginia Wolf. Qual o papel da literatura em seu trabalho e o que está lendo agora?

Não sei qual é o papel, mas a literatura certamente me faz ter vontade de escrever. Estou tentando ler uma seleção de contos, de vários autores, em espanhol. Em espanhol de um lado e inglês do outro.

Nos seus primeiros lançamentos, você usava muita eletrônica e sons encontrados. O que mudou quando você começou a gravar com outros músicos nos últimos álbuns?

Ainda uso muitos desses sons, mas, sim, quando comecei a trabalhar com músicos de verdade que tocam instrumentos acústicos, senti menos necessidade de preencher aquele espaço eletrônico com “sons encontrados” — sempre amei o componente de ruído na nos sons acústicos ou em sons encontrados, e era algo de que sentia falta quando estava gravando sozinha. Definitivamente, o motivo pelo qual eu usava esse tipo de objetos sonoros era para buscar um aspecto físico na música, um espaço que vinha justamente da falta do som acústico.

Foto: Tonge Thilesen

Serviço:

Ibeyi e Julia Holter @ Audio

Data: 13 de outubro, quinta-feira

Horário: 22h (abertura de portas às 21h)

Local: Av. Francisco Matarazzo, 694, Água Branca.

Ingressos: R$100,00 inteira; R$50,00 meia-entrada. Vendas pelo site Ticket 360 e na bilheteria do Audio Club (seg. a sáb., das 13h às 20h, exceto feriados).

Indicação etária: 18 anos.

Telefone: 11 3862–8279

Site: www.audiosp.com.br

--

--