O que pode o cinema?

Esta é a questão do Festcurtas BH, dedicado aos filmes de curta-metragem que acontece no Cine Humberto Mauro até o dia 8 de outubro

Beatriz Goulart
Revista Bravo!
4 min readSep 29, 2017

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BORDERHOLE, da Mostra Extravasamentos

Começa hoje no Cine Humberto Mauro a 19ª edição do Festcurtas BH (Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte), trazendo 147 filmes selecionados entre 2.319 inscrições de 98 países. Divididos entre as mostras competitivas, paralelas e especiais, os curtas representam uma amostra significativa da atual produção cinematográfica nacional e internacional, e o público poderá conferir como produções em curta-metragem têm expressado de forma inquieta e inventiva temas urgentes da atualidade como política, memória, corpo, gênero e espaço urbano.

THE BEAST (São Paulo + Brasil + África do Sul), da Mostra Competitiva Brasil
AVA MARANGATU (Minas Gerais + Mato Grosso do Sul), da Mostra Competitiva Minas

Divididas nas categorias Minas, Brasil e Internacional, as mostras competitivas vão premiar os melhores curta-metragens com prêmios em dinheiro, serviços nas áreas de montagem e finalização de filmes e o Troféu Capivara. Sete filmes foram selecionados para a Mostra Minas. E da Mostra Internacional participam filmes de 16 países: Alemanha, Argentina, Áustria, China, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Holanda, Índia, Marrocos, México, Moçambique, Polônia, Portugal e Turquia.

Nas demais mostras, paralelas e especiais, serão exibidos ao todo 69 filmes. A a Infantil contempla crianças de até 12 anos. A Maldita reúne filmes com temática diversa — serão exibidos quatro curtas nacionais, que abordam o horror, o terror e o nonsense ou trash. A Animações evidencia o caráter autoral e experimental.

A mostra Engajamentos Contemporâneos reúne filmes que estão fortemente situados às representações de relações de opressão e poder. Sentimentos de injustiça, revolta e indignação diante das desigualdades do mundo contemporâneo são expressos nestas produções através de estéticas e estilos diversos — narrativa clássica, formatos experimentais, documentário televisivo ou melodramático. Está dividida em duas sessões: Territórios — Espaços Políticos e Mulher — Corpo Político.

Uma boa nova do Festival é a Mostra Atravessamentos do Presente, que apresenta um conjunto de filmes que trespassam o quadro e produzem deslocamentos de imagens, de palavras e de tempos. Os curtas expressam passagens para outras problemáticas: a guerra, a política, o corpo, a memória. Está dividida em duas sessões: Disputas do Cotidiano e Percursos de Memória, duas facetas das inquietações sugeridas pelos filmes. Os curtas registram ou rememoram personagens e situações, ao mesmo tempo em que refletem sobre questões formais de construção cinematográfica.

A mostra Extravasamentos traz filmes que apresentam a relação do fazer cinematográfico com as tensões do mundo e a dinâmica histórica.

Especiais

As mostras especiais têm curadoria de pesquisadores do audiovisual convidados. A Mostra Documentário: Invenção de Formas/Pensamento Crítico tem curadoria de Naara Fontinelle e exibirá 18 filmes brasileiros produzidos entre 1968 e 1978, que expressam uma elaboração crítica da objeção cinematográfica ao espírito capitalista em emergência no contexto da ditadura militar e dialogam com a atual situação brasileira.

A Radicales Libres tem curadoria de Jorge Yglesias, professor da Escola Livre de Cinema de Cuba. Serão exibidos 15 filmes de diversos países da América Latina — Argentina, Bolívia, Colômbia, Cuba, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela — produzidos entre a década de 1960 e a primeira metade da década de 1980, e compartilham um discurso de luta contra as ditaduras militares vigentes em cada país.

AENIGMA (Grécia), da Mostra Extravasamentos

O Festcurtas BH ainda oferece cursos, seminários e duas oficinas formativas: Fundamentos do Som para a Imagem, ministrada por Edwaldo Mayrinck Jr, que é engenheiro eletrônico e especialista em manutenção, instalação e operação de equipamentos de áudios cinematográficos pela National Film Board of Canadá; e Cinema Documentário e Novas Mídias de Apreensão dos Acontecimentos, que será ministrada por Dácia Ibiapina, cineasta, professora e pesquisadora da Faculdade de Comunicação da UnB.

Serão realizados ainda dois seminários: Documentário: Invenção de Formas/Pensamento Crítico (1964–1983), ministrado por Naara Fontinele, pesquisadora, curadora, doutoranda em Estudos Cinematográficos e Audiovisuais pela Université Sorbonne Nouvelle — Paris. E Vestígios de um Cinema Radical, comandado por Jorge Yglesias. Haverá também um debate, no dia 5 de outubro, com o tema Cinema, Engajamento e Invenção de Formas. As discussões terão como base as seguintes perguntas: por que fazer uma imagem, com quem e para quem? Contra quais outras imagens ela se confronta? Que história queremos?

Destaque para os debates que visam analisar a relação entre engajamento político e as formas no cinema, nas perspectivas entrelaçadas de pesquisa, curadoria, ensino e produção, que serão realizados por professores e pesquisadores como Amaranta Cesar, doutora em Estudos Cinematográficos (Paris 3 — Sorbonne Nouvelle) e idealizadora e curadora do CachoeiraDoc; Marcelo Pedroso, diretor de longas-metragens, educador audiovisual e doutorando em Comunicação da UFPE; Sérgio Péo , arquiteto, cineasta idealizador e presidente da primeira Cooperativa de Realizadores Cinematográficos/Corcina; e Vinícius Andrade , doutorando em Comunicação Social pela UFMG, mestre em Comunicação Social pela UFPE.

http://festivaldecurtasbh.com.br/19/category/programacao/mostras/competitiva-internacional/internacional-1/

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