Professor Duprat

Com Tim Bernardes, Luiza Lian, Jaloo e Tiê, o maestro Rogério Duprat recebe homenagem no Sesc Pompéia nos 50 anos de “Tropicalia”

Guilherme Werneck
Revista Bravo!
3 min readAug 7, 2018

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Rogério Duprat tem um lugar muito especial na minha formação de ouvinte de música brasileira. Antes de reconhecê-lo como o maestro que arquitetou a geléia geral brasileira, ao emprestar a explosão psicodélica de seus arranjos ao movimento tropicalista, Duprat e seu irmão Régis eram os curadores de uma série de LPs para o selo Marcus Pereira em que esquadrinhavam a três séculos música brasileira, Valsas & Polcas, Dobrados e A Béla Época da Música Brasileira, Maxixes. Não sei bem o porquê de ser atraído por esses discos na infância, nem a razão pela qual o meu pai, que tinha pouquíssimos discos e os ouvia com muita parcimônia, tinha esses LPs na sua diminuta coleção.

Uma música em especial, encontrada nesses LPs, tem ainda mais importância na construção dos meus afetos. A valsinha Dolente, de José Carlos Dias, bisavô de minha mulher, era dessas pequenas músicas preciosas, que me encantavam anos antes de saber que a bisneta do compositor seria a pessoa com quem eu escolheria, há mais de 20 anos, viver e ter filhos. A execução dessa valsa na tarde em que nos casamos, num ensolarado solstício de inverno nos anos 1990, ainda é das melhores memórias que guardo na vida.

Na capa de “Tropicalia”, segurando um penico

Todo esse preâmbulo pessoal é para dizer da felicidade de ver Rogério Duprat recebendo uma homenagem à altura da sua importância no espetáculo Professor Duprat — O Maestro da Invenção, show que irá acontecer nos dias 6 e 7 de setembro no Teatro do Sesc Pompéia.

Profundo pesquisador da música brasileira, compositor de vanguarda, tradutor de John Cage, Rogério Duprat é um dos responsáveis por quebrar das barreiras entre o erudito e o popular. E seus arranjos, seja para o magnífico Construção de Chico Buarque, como para os tropicalistas, ou para os Mutantes, não perdem a validade. Ainda hoje estão entre o que melhor se produziu em termos de música brasileira, justamente porque, numa época pesada, em que era difícil sonhar, sua visão musical era duplamente disruptiva e subversiva. Primeiro por serem arranjos realmente psicoativos, multicoloridos, dramáticos, que dialogavam com e amplificavam a potência das letras de Caetano, de Chico, a irreverência dos Mutantes. Depois por romper as muitas camadas de preconceito com a produção artística das camadas mais marginalizadas da população, seja o samba ou o iê-iê-iê, a música popular na raiz. Essa síntese está super presente em um dos discos menos falados e mais interessantes da música brasileira, o genial A Banda Tropicalista do Duprat, lançado em 1968.

Com Gil e Nana Caymmi

Concebido por Alexandre Matias, jornalista e colaborador da Bravo!, o show pega carona nos 50 anos do Tropicalia ou Panis et Circencis para apresentar, de forma não-cronológica, algumas de suas composições mais famosas. Com direção musical de Arthur Decloedt e Charles Tixier, o show terá nas vozes Curumim, Tiê, Jaloo, Tim Bernardes, Jonas Sá e Luiza Lian. Eles serão acompanhados por uma banda formada por Charles Tixier (Charlie e os Marretas), Arthur Decloedt (Música de Selvagem), Filipe Nader (Trupe Chá de Boldo), Thiago França (Metá Metá), Maria Beraldo, Mariá Portugal e Rafael “Chicão” Montorfano (Quartabê) e André Vac (Grand Bazaar).

As minhas expectativas estão altas. Então fiz uma pequena playlist com dez momentos sensacionais dos maestro:

Serviço

Professor Duprat — Maestro da Invenção

Dias 6 e 7 de setembro. Quinta, às 21h, e sexta, às 18h

Teatro do Sesc Pompéia

Ingressos: R$9 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$15 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$30 (inteira).

Venda online a partir de 28 de agosto, terça-feira, às 12h.

Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir de 29 de agosto, quarta-feira, às 17h30.

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