Quem é Vittorio Storaro, diretor de fotografia que “escreve com a luz”

Trabalho de um dos principais nomes da cinematografia ítalo-americana é objeto de exposição em São Paulo

Andrei Reina
Revista Bravo!
4 min readSep 22, 2017

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Cenas de “Dick Tracy” sobrepostas para a exposição “Storaro: escrever com a luz” (Foto: Divulgação)

Vencedor do Oscar por três vezes na categoria de melhor cinematografia — geralmente traduzida como direção de fotografia — Vittorio Storaro é um dos artistas mais respeitados no seu ofício. O diretor de fotografia é o responsável pelos elementos visuais de um filme, o que envolve adequar os equipamentos de filmagem (câmera e lentes, por exemplo) e a luz (natural ou não) às propostas do diretor geral da obra.

É sobretudo no segundo aspecto, o trabalho com a luz, que Storaro se destaca desde os anos 70, quando começou sua longeva parceria com Bernardo Bertolucci. Com o diretor, italiano como ele, trabalhou em longas como O Conformista, 1900, O Último Imperador e — o polêmico O Último Tango em Paris.

Foi, no entanto, com Apocalypse Now, retrato brutal da Guerra do Vietnã feito por Francis Ford Coppola em 1979, que Vittorio Storaro abriu portas em Hollywood e alcançou público mais amplo. Isto continuaria em outras parcerias com Coppola, como em O Fundo do Coração, e no trabalho com Warren Beatty em Reds e Dick Tracy. Em 2016, aos 76 anos, começou a trabalhar com Woody Allen, para quem fez a fotografia de Café Society e para um novo projeto, ainda sem título, previsto para sair no ano que vem.

Vittorio Storaro não gosta de se identificar como diretor de fotografia, preferindo nomear seu ofício como cinematografia. “Não pode haver dois diretores”, afirmou o artista em entrevista ao Hollywood Reporter. “A cinematografia é movimento e nós precisamos de uma viagem que nos leve até outro ponto. Nós não criamos um quadro [frame] lindo, mas um filme lindo. É por isso que eu digo que escrevo com luz”, concluiu, não sem antes dar um conselho às novas gerações — “É preciso encontrar um equilíbrio entre arte e tecnologia”.

Storaro ladeado por Bertolucci, Beatty, Coppola e Woody

Uma mostra do trabalho e do processo criativo de Vittorio Storaro pode ser vista a partir de hoje em exposição na Oca, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Dividida em três seções — a luz, as cores e os elementos — Storaro: escrever com a luz apresenta 70 imagens com cenas de filmes em que o artista trabalhou sobrepostas, feitas com a técnica de dupla impressão fotográfica. Além disso, reproduções de 38 obras de artistas renomados e que influenciaram Storaro completam a exposição. A entrada é gratuita.

Veja alguns dos filmes que contaram com a cinematografia de Vittorio Storaro:

  • O Conformista (1970), de Bernardo Bertolucci
  • O Pássaro das Plumas de Cristal (1970), de Dario Argento
  • O Último Tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci
  • 1900 (1976), de Bernardo Bertolucci
  • Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola
  • La Luna (1979), de Bernardo Bertolucci
  • Reds (1981), de Warren Beatty
  • O Fundo do Coração (1981), de Francis Ford Coppola
  • O Último Imperador (1987), de Bernardo Bertolucci
  • Dick Tracy (1990), de Warren Beatty
  • O Céu que Nos Protege (1990), de Bernardo Bertolucci
  • Tango (1998), de Carlos Saura
  • Goya (1999), de Carlos Saura
  • Café Society (2016), de Woody Allen

Storaro: escrever com a luz

De hoje (22) a 4/11. Grátis.

Pavilhão da Oca (Parque do Ibirapuera): Avenida Pedro Álvares Cabral, 50.

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