Três perguntas para Milton Hatoum
Por Almir de Freitas
Bravo!: Como vem sendo a experiência de ver suas obras adaptadas para cinema, TV e quadrinhos?
Milton Hatoum: Prefiro dizer que são traduções inventivas para outras linguagens. Gostei muito dos quadrinhos do Fábio Moon e Gabriel Bá (“Dois Irmãos”) e do filme do Guilherme Coelho (“Órfãos do Eldorado”). A minissérie baseada no “Dois Irmãos”, do Luiz Fernando Carvalho, estreia no dia 9 de janeiro de 2017. Acho que será um marco na tevê brasileira. Acompanhei um pouco essas adaptações, mas não meti o bedelho em nenhuma delas. Os artistas gráficos e cineastas se empenharam em inventar o que consideraram mais significativo no “Dois Irmãos” e no “Órfãos do Eldorado”. São obras autônomas, com uma linguagem e um efeito estético próprios.
Bravo!: Em que pé está o novo romance?
MH: O título provisório segue sendo “O Lugar Mais Sombrio”. São várias vozes narrativas (cartas, diários) de jovens na década de 1970 em Brasília e São Paulo. É mais um romance da desilusão, que parece ecoar no nosso tempo. São dois volumes. Talvez termine o primeiro no próximo ano…
Bravo!: Você já disse que depois desse romance está considerando parar de escrever. Continua com essa intenção?
MH: Depende do dia, do humor e da energia de cada dia. Se eu publicar esses dois romances, talvez escreva os contos que esbocei nos últimos anos. Agora estou escrevendo um texto que será usado no roteiro da adaptação para o cinema do conto “O Adeus do Comandante”. O filme vai ser dirigido por Sergio Machado, que escreveu com Maria Camargo a primeira versão do roteiro. A questão não é parar de escrever, e sim parar de publicar. Não vale a pena publicar qualquer coisa. A autoexigência deve prevalecer sobre a vaidade.
