Prisioneiro da Fala Alheia

Microfilos
revista Capitu
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1 min readAug 19, 2015

Maria de Fátima Tálamo, em "A Pesquisa: Recepção da Informação e Produção do Conhecimento"

“Com frequência, observa-se que o resultado da aplicação das técnicas de coleta de informação muitas vezes são motivo de verbalização daqueles que, não dominando habilidades e competências suficientes e necessárias, consideram adequada a emissão, mera descrição repetitiva, como resultado de um suposto processo investigativo. Dadas as conseqüências que tal conduta acarreta, é importante reforçar que esta distinção tem seu fundamento no fato de que a produção de linguagem é uma ação de um sujeito cognoscente enquanto que a verbalização reduz-se à mera emissão de seqüências de enunciados, de palavras justapostas, sem qualquer tipo de articulação — nesses caso, quando muito, cabe ao receptor conferir sentido ao que está expresso, substituindo o emissor, que deixa de executar a ação propositiva. O agente da verbalização tem dificuldade com o manejo do raciocínio, normalmente não distingue a diferença entre o objeto e suas representações e está à procura do conhecimento pronto e acabado. Não consegue elaborar de forma coerente e precisa uma questão e, quando a propõe de modo precário, julga ingenuamente que encontrará para ela resposta adequada e pronta. Não distingue produto do processo, enfim. Apenas repete, altera a seqüência dos enunciados, criando um círculo vicioso. É o prisioneiro da fala alheia.”

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