Transformação digital

Ainda tem o que fazer?

M. Vicente
Revista Co:lab
4 min readJul 24, 2019

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No dia 19 de julho ocorreu a trilha de Transformação Digital do The Developer’s Conference em São Paulo. Esse tema me interessa particularmente pois já participei de dois grandes projetos neste segmento, um na área da educação e outro em logística, por isso não pensei duas vezes quando o escolhi para acompanhar durante o evento.

Porém no exato momento em que me sentei na cadeira da pequena, e sem Wifi, sala da Anhembi Morumbi da, pouco acessível, unidade da Vila Olímpia, pensei: “o que mais falta pra transformar? Caí numa roubada!”. Imaginei uma tonelada de blablablas sobre processos que saíram do “print to digital” ou um monte de fluxos que foram “digitalizados”.

Mas a agonia acabou assim que Monique Oliveira da iPeople começou sua palestra chamada “All you need is less”, nela Monique nos questionou sobre como seria a transformação digital estando na atual fase da 4ª revolução industrial? Então a conversa começou aí. Aparentemente todos os processos de inovação e mudanças tecnológicas estão muito diluídos em nosso dia a dia, mas se pararmos pra observar nosso fluxo de trabalho ainda pode ser bastante arcaico frente as facilidades disponíveis para serem implementadas. É disso que tratou a trilha de Transformação Digital.

Monique Oliveira da iPeople

Neste mesmo clima, passamos a falar sobre quais seriam então as próximas tecnologias de aprimoramento do mundo do trabalho; conversamos sobre um projeto de inteligência analítica aplicada na rotina de trabalho da Secretaria de Segurança Pública, elaborado por Priscila Marangoni, sargento da Polícia Militar e cientista de dados pela Universidade Federal de Santa Catarina. Ainda no setor público, conhecemos um caso de aplicação de metodologia ágil na Secretaria de Educação Municipal de São Paulo, apresentado por Danieli de Paula; o projeto se chama Pátio Digital e consiste na otimização do fluxo de produção dos times que desenvolvem as plataformas de trabalho dos funcionários do setor.

Ainda tivemos temas como Open Banking no Brasil e o desafio para os bancos, por Carlos Kazuo Missao da GFT. Que explicou um pouco em qual fase o Brasil se encontra em relação ao mundo e em quais modelos se inspira. Na mesma capsula, Gilherme Berti, advogado da Opice Blum, falou sobre Dados pessoais, segurança da informação e compliance em negócios discutindo um pouco sobre a LGPD — Lei Geral de Proteção de Dados, relacionando um pouco com a questão da comercialização dos dados e dando dicas de como usar inteligência analítica sem ferir a legislação.

Gilherme Berti, Opice Blum

Outro caso bastante rico, e diferente dos demais, foi trazido por Diego Rezende da Embraer, sua palestra chamou-se “Do tradicional à transformação digital em 6 meses através do design”; sua apresentação teve como foco o papel da cultura na transformação de uma empresa como a que ele trabalha. Detalhou passo a passo do que fizeram por lá e trouxe ótimas dicas de trabalho.

E dentre outras tantas falas interessantes, uma que ganha maior destaque é a da Mariana Mello Campos, da Decolar: Como a transformação digital impacta o modelo de negócios do segmento de turismo. A sua fala começa com dados sobre como cresce a economia no setor do turismo, assim nos damos conta da importância no negócio do qual ela está falando. A seguir mostra um panorama das transformações pelas quais passaram e traz uma reflexão interessante a respeito de nossas relações com as viagens; as gerações y e z buscam experiências: “o valor monetário do produto será secundário diante do valor da experiência, o Airbnb já percebeu isso”.

Mariana fecha sua fala comentando sobre o que está por vir e olhando para os modelos de serviço all-in-one lança um desafio: “quem morder a fatia do turismo que está aberta, vai dominar um percentual gigante do mercado brasileiro. Será que vai ser a Uber? Eles podem juntar mobilidade com turismo”.

Por fim a sensação que fica é a de que diante de tantas possibilidades e de tantos projetos interessantíssimos, a preocupação com a melhoria de processos impressos é mero fetiche, eles estão obsoletos! É preciso dar um passo a mais para alcançar tantas iniciativas inovadoras e inteligentes.
Já o termo transformação digital… Não estaria meio démodé?

Mariana Mello, Decolar

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M. Vicente
Revista Co:lab

UX/ Service Designer na PagSeguro e pesquisadora mestranda do Programa de Integração Latino Americana da Universidade de São Paulo. www.marianavicente.com.br