Dois poemas de Beatriz Caldas
Published in
Oct 25, 2020
Manifesto das flores
Claros golpes
Cortam a alma
Das que eles roubam o perfume
E chamam de fracas
Dizem, não há culpa
Por amar demais
Despir a rosa
Pétala por pétala
Nada faz
Nada e jamais
Tocaria um dedo, mas
As mãos?
Seria pedir muito um segundo
E dizer não?
Assim, as flores nascem
Só para um dia
Sofrer
Eles querem tanto
Em suas estantes
Mulheres prontas para estar
E não ser.
Sucumbência
Vaga obstinação
Inoportuna
Dos prazeres perenes
E peças postas para
Mero contentamento
Enlouquecimento frio
Das manhãs irrazoáveis
Inóspitas aos insones
E entre pratos e prazos
Em decaimento
Os obstinados despertam
Da inercia latente
Enquanto os outros sucumbem
À letargia.