CULTURA

Abertura do 37º Festival Folclórico de Custódia é marcada por atrações de destaque nacional, mas tem participação tímida

Thiago Patriota e Luizinho de Serra deram o tom da noite, que contou também com cortejo de Maracatu e muito Samba de Coco

Guto Moraes
Revista Dona Custódia

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Primeira noite da 37ª edição do Festival Folclórico de Custódia conta com atrações diversas, dentre elas Luizinho de Serra, um dos maiores sanfoneiros do Brasil (Foto: Asley Ravel/cedida à Revista Dona Custódia)

Há 43 anos acontecia em Custódia a primeira edição do Festival Folclórico. A iniciativa, que na década de 1970 foi criada para angariar recursos para uma viagem de conclusão de curso da turma de Normal Médio (antigo Magistério) da época, com o passar dos anos ganhou recortes diversos, chegou a ser completamente esquecida por 6 anos e hoje tenta retomar seu lugar de destaque na agenda cultural da cidade.

Sertão Maracatu, Luar do Sertão, Bacamarteiros e Coco Pérola Negra fazem cortejo de abertura do 37º Festival Folclórico de Custódia (Fotos: Asley Ravel — cedidas à Revista Dona Custódia)

No fim da tarde de ontem (24), quem, por ventura, estava lá pelas 17h no Centro foi pego de surpresa pelo Maracatu de Baque Virado que saiu em cortejo por algumas das principais ruas do bairro. O Sertão Maracatu, da cidade de Arcoverde, seguiu com o apoio do grupo de dança Luar do Sertão e o Coco Pérola Negra, ambos de Custódia. À frente, o misterioso Caboclo de Lança pedia passagem, como quem prepara e abre os caminhos, mas também evoca a força de nossa ancestralidade e anuncia o porvir.

Associação dos Bacamarteiros de Custódia (Foto: Asley Ravel/cedida à Dona Custódia)

O cortejo surpreendeu àqueles que já tinham conhecimento do evento, arrepiou e encheu de brilho os olhos dos desavisados. Chegando a comitiva à Escola Municipal Ernesto Queiroz, a cerimonia de abertura da 37ª edição do Festival Folclórico de Custódia seguiu no ginásio com a apresentação dos grupos acima citados. O Sertão Maracatu saudou os orixás [divindades] do Candomblé junto com o Luar do Sertão, seguidos da apresentação do Coco Pérola Negra, formado por estudantes do quilombo do sítio Buenos Aires e roda com os principais bacamarteiros de Custódia.

O público presente pôde conferir, ainda, exposições culturais montadas pela Secretaria de Educação de Custódia em parceria com 21 escolas municipais e estaduais. Segundo Renato Guerra, supervisor de ensino do município, cada sala tem a direção de três escolas. No entanto, apenas 5 salas funcionaram: Culinária Regional, com pratos típicos e degustação, Lendas Folclóricas, que contou com recursos multimídia, Padroeiros da cidade de Custódia, aromatizada, Samba de Coco, com apresentações, e Xaxado (nesta sala procurem pelo licor de Maracujá ou Chocolate).

Exposições culturais contam com apresentações e degustação de culinária típica (Fotos: Jéssica Rezende/Revista Dona Custódia)
Renato Guerra, supervisor de ensino de Custódia (Foto: Jéssica Rezende/Dona Custódia)

“Estamos tentando fazer um resgate da cultura. Todos se esforçaram bastante para trazer de volta o Folclore, que é muito forte em nossa região, mas que há algum tempo estava adormecido”, conta Guerra.

Os artesãos locais também foram contemplados com salas para expor seus trabalhos. Podem ser encontrados pinturas em panos de prato, crochê, peças de barro, móveis reciclados e de madeira, além de artigos de decoração, estes últimos produção de Seu Ezequiel. Tudo em valores acessíveis.

Às 21h30 subiu ao palco o artista sertaniense Thiago Patriota, que tocou forró regional. Além do repertório de raiz, entoou versos autorais e de poetas dos sertões do Moxotó, Pajeú e Cariri. Homenageou o Em Canto e Poesia ao cantar “Coração de Poeta”, faixa original do grupo, que se apresenta este sábado no Festival. Para Thiago, a iniciativa é muito importante ao dar destaque às produções locais e regionais. “Quando você cultiva algo, precisa cultivar dentro da sua terra. Você não pode trazer algo de fora e dizer que é sua cultura”, diz Thiago Patriota.

Thiago Patriota exalta artistas e poetas regionais durante apresentação (Foto: Asley Ravel/cedida à Dona Custódia)

“(…)a cultura precisa vir do berço, de casa”, afirma o artista.

Após duas horas de show, com um repertório consistente, mas desconhecido — talvez pela falta de atenção da cidade aos produtos da terra — , Thiago se despede e anuncia a chegada de Luizinho de Serra. Uma das atrações mais aguardadas da noite pelo pequeno grupo de Sertânia que ali estava. “Eu digo que o cara é, no mínimo, um dos 5 melhores sanfoneiros do Brasil. No mínimo!”, contou-nos empolgado Vinícius Macaúba. Mais tarde repetia a informação Cleber Santos, apresentador do Festival “um dos melhores sanfoneiros do Brasil”. Não restava dúvida.

Luizinho de Serra, um dos maiores sanfoneiros do Brasil já tocou com Elba Ramalho, César Amaral, entre outros (Foto: Asley Ravel/cedida à Revista Dona Custódia)

Luizinho sobe ao palco para uma passagem de som rápida antes de dar início ao show, que começou às 23h20. Entre um ou outro problema com o retorno de palco [equipamento], tentou insistentemente envolver o pequeno público da primeira noite. Em duas contagens em momentos diversos, não fechavam 150 pessoas presentes. É preciso levar em consideração o dia da semana, mas também a escolha do local. Se o público resistia, o repertório não dava cabimento a apatia. De Flávio José e Petrúcio Amorim a Dominguinhos e Luiz Gonzaga.

Com uma presença de palco marcante, boa interação entre os integrantes, Luizinho não deixou a desejar e encerrou com brilho a primeira noite do Festival. Quem sabe hoje (25) a adesão seja maior. Às 16h, o evento começa com a Folia dos Bois representada pelo Boi Diamante de Arcoverde e contará com os show de Nanado Alves, de Monteiro, e o destaque da música nordestina Maciel Melo.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA.

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Guto Moraes
Revista Dona Custódia

Repórter de Cotidiano da Folha de Pernambuco. CEO da Revista Dona Custódia. Colaborou com o Catraca Livre e Revista O Grito!.