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Eu cai como a última folha seca da árvore da vida no jardim do Éden
Voei como a poeira de ossos triturados com o vento da tempestade
Me tornei o sal das lágrimas que choveram sobre o solo do cemitério
Não sou o fantasma errante e vingativo que se leva a sério
Mas sei perceber a dor e a beleza das antigas tradições
Consigo vestir a máscara que esperam de mim
Faço parte dos poucos que vieram do fim
Sei um pouco sobre vida e um pouco mais sobre maldições
Conceitos abstratos não são triviais
Por muitas vezes são até bem mais reais
Do que blocos de concreto e santos em vitrais
Eu deslizei sob lençóis de linho egípcio costurados a mão
Rastejei sob cadáveres em covas rasas
Senti o calor de lábios e a paz da solidão
Do incêndio infernal eu me perdi entre as brasas