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Leandro Vargas
Revista in-Cômoda
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1 min readAug 26, 2020
Photo by Simon Birt on Unsplash

Eu cai como a última folha seca da árvore da vida no jardim do Éden

Voei como a poeira de ossos triturados com o vento da tempestade

Me tornei o sal das lágrimas que choveram sobre o solo do cemitério

Não sou o fantasma errante e vingativo que se leva a sério

Mas sei perceber a dor e a beleza das antigas tradições

Consigo vestir a máscara que esperam de mim

Faço parte dos poucos que vieram do fim

Sei um pouco sobre vida e um pouco mais sobre maldições

Conceitos abstratos não são triviais

Por muitas vezes são até bem mais reais

Do que blocos de concreto e santos em vitrais

Eu deslizei sob lençóis de linho egípcio costurados a mão

Rastejei sob cadáveres em covas rasas

Senti o calor de lábios e a paz da solidão

Do incêndio infernal eu me perdi entre as brasas

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