A Busca Eterna

Nalini Vasconcelos
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readMar 10, 2017

Fico imaginando passar um dia sequer em busca de nada. Será que eu consigo?

Talvez seja isso que se chame de plenitude. Imagino que já houve fragmentos de tempos assim na vida de qualquer um. Aquele momento em que um abraço amigo se basta. Um cheiro em seu filho. Uma tão esperada reconciliação com seus pais. Um prato de comida quanto se tem fome. Uma entrega sincera ao seu amor. A gente deseja que aquilo dure para sempre. Por isso adoramos essa expressão “eternidade”.

Oh sentimento bom, não fujas de mim!

Diante de tanta finitude, e pior, de tanta fugacidade, nos acostumamos a estar sempre em busca de alguma coisa. Buscar a perfeição, buscar ser forte, ter um emprego, um relacionamento, mais dinheiro ou algum dinheiro. Buscar ser uma pessoa melhor, buscar reconhecimento, a cura da doença ou uma vaga de estacionamento. Tem gente até que busca entender o que esta buscando. Ou sarna para se coçar. Do simples ao profundo, chego a um checklist eterno que me faz correr o risco de reclamar sempre da vida.

Mas ora, precisamos progredir! (seja lá o que isso significa).

Quem não está buscando, está pleno ou acomodado?

Bem, não é tão simplista assim. Entre o desejo e a inquietação, não chegarei a nenhuma conclusão aqui. Talvez apenas “busque” (não vou me livrar dessa palavra mesmo) poder um dia não buscar nada, não buscar ter nada, nem buscar ser nada. É nessa aparente “falta” que posso achar algo. Consigo curtir a centelha da existência e deixar aquele minuto de plenitude me invadir.

“Saí em busca da felicidade…. e voltei bêbado”

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