A hora escarlate

Leandro Vargas
Revista in-Cômoda
Published in
Oct 27, 2020

Eu posso cruzar as paredes de seu labirinto, encontrar a saída de sua masmorra e te encontrar em qualquer lugar que você se esconda de si.

Não tenho tempo para meias palavras ou o descascar lento de suas camadas de concreto. Eu arrebento portas. Eu derrubo muralhas. Não me perco em ilusões.

Por entre a mobília de madeira rústica e velas apagadas eu me movo, tão imaterial mas presente quanto a brisa que faz dançar as cortinas rasgadas da janela aberta.

O que consome seus pensamentos? O que alimenta seus sonhos? O que você é quando ninguém percebe? O que você quer quando tem a possibilidade de tudo?

Eu escolhi o caminho entre os mundos, entre as regras e dogmas entre o real e o convencional.

Eu sinto escorrer em minha garganta o sabor de suas lembranças, sinto o gosto da dor e do amor, eu conheço o pesadelo de estar queimando e não morrer.

Não quero o peso que acompanha a necessidade da aceitação. Não preciso de nada além do presente momento, do estado atual, pois é nele e só nele que existo realmente.

O resto é orvalho evaporando dos corpos sob o relento aos primeiros raios do sol da manhã.

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