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A Volta do Gás Encanado

Fabio Pires
Revista in-Cômoda
Published in
3 min readJul 7, 2023

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Ontem fiquei animado com a volta do gás encanado que ficou em reforma por 20 dias. Instalei o gás e dois dias depois entrou em manutenção.

Sim, eu paguei por algo que não tive.

E sim, a obra (de uma empresa privatizada) demorou 20 dias, contando os dias para verem do que se tratava que neste caso ocupou duas semanas destes malditos 20 dias.

Privatiza que melhora… Cey.

Pensei em todas as receitas que nunca fiz. Fiquei em dúvida entre um delicioso escondidinho ou um grande bolo de laranja (diet, lógico) para lembrar da existência do Queiroz e agora também da ex-cunhada do excrementíssimo. E com calda de chocolate que não seria da Kopenhagen pelos valores exorbitantes que lá são cobrados.

Umas unidades do bom e velho Amor Carioca bastariam.

A preguiça bateu e não fiz nada disso e assim tomei uma overdose de café de marca duvidosa para comemorar a volta do gás encanado!

Deixei então a televisão ligada e enquanto tocava meu dia fiquei ouvindo a sessão da CPI de ontem, e juro que me esforcei (e muito) em não colocar no mesmo saco todo servidor público e sua burocracia enraizada.

Aquele lugar onde se escondem e fogem de responsabilidades como a funcionária do setor de fiscalização do Ministério da Saúde.

E nem entro no mérito de ela estar encobrindo mais uma falcatrua ou maracutaia (palavras estas que sempre quis usar e nunca havia tido a oportunidade) nos contratos desse desgoverno.

Evitei isso ao meu máximo porque sei que têm pessoas dentro do serviço público que entendem sua função, que servem e tem noção exata das atribuições e de que (diabos!) estamos em uma pandemia, com urgência em termos vacinas para todos.

Porém ontem vi e ouvi todas as frases clássicas que criaram este ranço quanto aos serviços públicos:

“Meu trabalho não é este”.

“Não há nada de anormal neste contrato”.

“Não sei, não vi e não é da minha responsabilidade”.

Esta última é frase clássica de um desgoverno que nada assume dentro de suas responsabilidades (E o PeTê?, E o Lula?).

O que mais assombrou foi quando ela falou que o setor ficou sem fiscalização apenas porque ela tirou férias.

Isso mesmo.

No meio de uma pandemia com milhares de mortos e quando alguém do setor de fiscalização de contratos de VACINAS do Ministério da Saúde sai de férias não há ninguém para continuar o serviço.

Deram de ombros e que se danem os que morrem.

Hoje leio sobre a privatização dos Correios e da Eletrobrás e acendeu em mim o alerta de que vamos nos foder mais uma vez. Ou acham que os serviços precarizados servem a qual propósito? Como se tornasse uma justificativa para determinado serviço ser vendido a preço módico e em alguns casos irrisórios, não parece lógico?

Certa vez ouvi de um sujeito com pouca abrangência cognitiva:

“Privatiza para não ter problema de corrupção nos governos”.

Ora, ora, ora. Temos aqui a velha questão do sofá, conhecem?

Em caso de traição pego em flagrante no sofá de casa, troca-se o sofá!

E hoje tem overdose de café pra aturar mais uma sessão de CPI.

Espero ao menos me divertir com eles.

  • ESSE TEXTO É DE 2021.

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Fabio Pires
Fabio Pires

Written by Fabio Pires

Escritor com dois livros lançados, Editor, Redator, Tradutor e escreve na Impérios Sagrados, no Projeto C.O.V.A e na Revista In-Cômoda.