Aceleramos o tempo

Tiago da Silva
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readFeb 2, 2018

Na nossa percepção, o tempo passa mais rápido à medida que temos mais coisas para fazer e mais informação à nossa volta.

Na infância, sem smartphones e internet, só tínhamos que brincar e dormir. Ah, e comer, claro. Terra, meleca do nariz e, eu em particular, cera (dessa de passar no assoalho da casa, aquela mais pastosa, não a líquida).

Enfim, nessa época o tempo se arrastava: parecia que o Natal não chegava nunca, Dia das Crianças e Páscoa também não. E havia uma eternidade entre cada uma dessas ocasiões.

Hoje, quando mal dou conta de fazer tudo que preciso em 24 horas (e faço e processo tudo ao mesmo tempo), o tempo voa. Quando vejo já está acabando Janeiro (mas o Réveillon foi ontem!) e ali já vem o Carnaval. Quando o Carnaval acabar, já vou cair de paraquedas na Copa (nem bem superamos o 7x1!) e na sequência já vem as eleições. Quem está preparado para eleições?!

Se eu piscar, abro os olhos e já é Natal de novo.

A única saída possível é desacelerar o ritmo. Se você falar com alguém que mora no interior, afastado da agitação (um agricultor “típico”, por exemplo) ele vai te surpreender dizendo que, para ele, o Natal ainda custa a chegar, como custava pra você na infância.

Não que ele não tenha nada pra fazer (pelo contrário, trabalha demais) mas é bombardeado por menos estímulos externos e pode viver sua lógica de tempo própria, própria da vida real e não virtual.

Outro ritmo de vida, outra percepção sobre o tempo.

--

--

Tiago da Silva
Revista in-Cômoda

Às vezes me surpreendo com o que escrevo, porque não sabia que pensava assim.