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Afeto

Ana Paula Passos
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readMar 13, 2018

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Esperando uma estrela cadente

Um gênio da lampada

Um Saci Pererê

Para levantar do fundo

Aquela poeira encrustada

Volver aquela água parada

Dissolver a lama que paira

Na mente

Na vida

No caminhar

Me explica direito

O que aconteceu

Quando foi

Que tudo desapareceu

Os dias passam

Devagar

Queria entender

Parar de imaginar

Onde errei

Onde errou

Onde enterrou

Aquele amor

Mas dizem

Que o tempo

É amigo

É camarada

Cura

Desentala

É, amigo tempo,

Conto contigo

Desfaz esse avesso

Me alenta

Que estou sofrendo

Sara esse mal

Cicatriza

Minha ferida

Me ajuda

Por favor

A voltar

A ser rei da minha vida

Seguir minha estrada

De cabeça erguida

Arrumar a casa

Colocar no lugar

Me salva desse marasmo

Esquenta o meu momarço

Me livra dessa sina

Esquece o normal

Faz tudo diferente

Acaba com o clichê

Que tudo tem um fim

Ainda tem jeito

Renasce das cinzas

Transforma o pó

Junta os pedaços

Desata os nós

Ainda tem muito

Ainda dá tempo

Mesmo que estranho

Faremos um circulo

Meio quadrado

Sem muitos lados

Assim ficamos no centro

Um do outro

Dentro do peito

Abriremos a janela

Deixaremos o Sol entrar

Faremos um pedido

Para Iemanjá

Esquece o que passou

O tempo já mudou

Começa da estaca zero

Cria algo novo

Ressuscita

Todo aquele afeto

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Ana Paula Passos
Revista in-Cômoda

É determinismo, sim. Mas seguindo o próprio determinismo é que se é livre. Prisão seria seguir um destino que não fosse o próprio. Clarice Lispector