Afterlife: meu tipo de comédia triste

Tiago da Silva
Revista in-Cômoda
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3 min readMar 11, 2019

Sabe aquelas supostas comédias que na verdade são tristes pra caralho, tipo, Show de Truman ou O Mundo de Andy, ou O Golpista do Ano (todos do Jim Carrey)?

Pois é, se você gostou de algum desses filmes, talvez você possa amar “After Life - Vocês vão ter que me engolir”, série disponível na Netflix desde a semana passada.

É sobre um jornalista/cronista de meia idade chamado Tony (Ricky Gervais) cuja carreira está naufragando. Meio como no comecinho de Marley & Eu.

A mulher acabou de falecer e ela era meio que a única alegria da vida dele. Meio John Wick.

Mas, antes de morrer, ainda doente, a esposa deixou vídeos com dicas práticas para ele conseguir superar a perda e aprender a viver sem ela. Meio PS.: Eu te amo.

“Pensei em deixar um guia de como viver sem mim. Porque você é um fofo, mas também é um inútil. kk”

A série basicamente é ele vivendo com o cachorro, aguentando um dia de cada vez, cortejando o suicídio às vezes e usando o que ele chama de superpoder: o direito de ser um babaca sem remorsos ou culpa, porque, da forma como vê, não tem mais nada a perder.

“Um dia bom é quando eu não quero sair por aí atirando na cara das pessoas e depois atirar em mim.”

Eu só assisti 3 episódios e já estou apaixonado. Quando li “humor britânico” e “humor ácido” no catálogo da Netflix e depois vi uns trechos com aquela fotografia de “vida cinza de merda”, tipo a de Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum, eu já comecei a chamar a série de MINHA.

Ele sente que não há razões para viver ou perspectivas, mas tem algumas responsabilidade que o prendem: o pai com Alzheimer, o cachorro. Me lembra um pouco o personagem Stuart, de The Big Bang Theory.

É como se fosse Um Dia de Fúria, só que do Stuart.

Tony tá cagando pra vida, então reage a assaltos, briga com crianças, manda TODO MUNDO IR TOMAR NO CU, sai e deixa o chefe falando sozinho. Descrevendo assim, me faz lembrar de Eu, Eu mesmo e Irene.

Ele tá tocando a vida como se vive o último ano do Ensino Médio depois do segundo trimestre: Foda-se. Já vai acabar e isso tudo vai ficar pra trás mesmo, não terá nenhum sentido ou importância em breve.

Eu adoro o ator que interpreta o protagonista, o Ricky Gervais. Ele tem uma cara ótima de cachorro e é também o criador e roteirista, cara que já tem Globo de Ouro nas Costas e tudo.

No fundo Tony só quer que todos sintam pelo menos um pouco da dor que ele sente todos os dias quando acorda.

Acho uma série ótima. E triste pra caralho. Pelo menos até aqui. E eu amo.

(…)

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Tiago da Silva
Revista in-Cômoda

Às vezes me surpreendo com o que escrevo, porque não sabia que pensava assim.