Alma Pendular

Iuri Santos e Tavares
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readJan 29, 2024

Eis me aqui, novamente, catatônico
Transicionando entre Neruda e Bukowski
Decidindo, esperando ou reagindo? Não sei dizer
Em pêndulo constante, ao mesmo passo que instável

Neruda, como invejo teu romantismo
Sua natural facilidade em amar
E mais ainda em imaginar e expressar tal sentimento
Transcrito em corpo de mulheres, redes e mares
Teu coração amarelo me inspira e indaga
Como pode um humano conseguir amar assim?
Ser tão sincero em pleno amor
E ainda assim conseguir se indignar com o status quo do mundo
Sendo julgado como louco e errado por tantos cegos

Mas tu, Bukowski, eu lhe entendo, verdadeiramente
Conheço a tua tristeza, eu a sinto
Enxergo seu cinza e seu caos interno
Já vi a sua fúria e seu ardor fugaz, eles já me queimaram
Compartilho da sua solidão, e até gosto dela
Alguns realmente nasceram para serem sós
Apesar de te reconhecer como um velho amigo
Jamais teria tua coragem de fazer o que fez
Tu és, para mim, o extremo que apenas contemplo

Transiciono então entre aspectos e espectros
Entre Lispector, Mereiles, Pessoa, Quintana e tantos outros
Fragmentos de personalidades, quebrados
Apenas aquilo que espero e desejo de cada um
Espelhados e refletidos no chão de minh’alma
Olho e sorrio para cada um, um feito de tantos
Afinal, há sempre espaço no pendular de uma alma

--

--

Iuri Santos e Tavares
Revista in-Cômoda

Cristão, farmacêutico, grunge e poeta (necessariamente nessa ordem).