Amor Vincit Omnia

Reirazinho
Revista in-Cômoda
Published in
1 min readFeb 3, 2024
art: Amor Vincit Omnia (1624–1625), by Orazio Riminaldi (1593–1630)

Amo escrever, amo colocar meus sentimentos racionalizados no papel. Dar voz aos meus demônios, ter na ponta da caneta o sangue das vísceras espirituais. Raspar o papel com os pecados de um apocalipse perpétuo. Confessar coisas que até o padre se aviltaria. Dar lume ao meu melhor lado, transparecer as virtudes e honrarias que obtive, ainda que eu as negue por certa decência de humildade (ou apenas ignorância). Amar o amor e a pessoa a quem amo, sacrificar a vergonha de ser frágil quanto uma pétala. É estar nu, vulnerável e mesquinho, sensível. Gosto de ignorar nominalismos de sujeitos: o meu nome e sobrenome; a cor da minha pele e o estranhamento dos homens; o meu gênero e os pressupostos sociais; a minha época e suas penitências; o meu credo e as consequências dele.

Amo escrever, embora eu sofra justamente por isso. Escrever é um processo de sangria, a qual só transcendemos quando o mar exausto das palavras afoga-nos num salto ao céu, que as juntas e os músculos mancham sempre a imprecisão da sentença.

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Written by Reirazinho

Sou feito de palavras não ditas e de melancólicas emoções. Escrevo o meu mundo com poesias e prosas Quer contribuir? Pix: matheus_roberto13@outlook.com