Ano passado eu morri

Poeta Rafa Ribeiro
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readFeb 9, 2020
Photo by Jose López Franco on Unsplash

Ano passado eu morri, esse ano eu morro de novo.

Eu não vou pintar meu rosto de forte, não vou mascarar as dores que vou sentir, a minha intenção é não mais depender da sorte, é ter a certeza que ao fim do dia eu vou poder sorrir e se não acontecer, ter a coragem de conseguir chorar seja onde for, eu quero poder me encarar de verdade e aceitar que sim, dessa vez eu sofri por amor.

Cansei de ser a pessoa errada, de qualquer receio me paralisar. Eu quero ter forças pra cruzar as estradas, e se a corda que me prende ao outro lado ousar me segurar, que eu consiga romper, quero conseguir me jogar, de cabeça, mesmo que seja no seco. De olhos fechados, quero poder correr, ser fuga do que me sabota, mesmo que seja eu mesmo.

Quero jogar roleta russa com a vida, não desesperar com qualquer tropeço, entender que a minha passagem é viagem só de ida, que não importa quanto eu escreva, não vou conseguir alterar meu começo.

Nem de escritor eu gosto que me chamem, eu ainda não consigo inventar um enredo, contar uma história que eu não tenha vivido, todas minhas letras tem um pouco de mim e isso já nem é mais segredo. Eu sou no máximo alguém que se esconde em uns versos, ano passado eu morri, esse ano estou morrendo de novo.

Por enquanto afirmo que morro igual ao ano passado, e volto, novo, como nesse ano. Não sou fênix, mas vou renascer das cinzas, não sou Lázaro mas volto a andar, eu não sou lagartixa, mas mesmo que me cortem um membro, eu vou buscar forças, vou me regenerar, vou ser continue pra todo game over que a vida me entregue, vou ser ficha extra no meu fliperama, eu quero ser voz pra que ninguém desista, vou ser poesia outra vez se isso ajudar. Mesmo sabendo que isso me custe morrer outra vez.

Por favor, se olhe, respeite seus limites, mas não pare, você é capaz.

Ano passado eu morri, esse ano morro de novo.

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