Apague este poema

APAGUE ESTE POEMA, pois ele serve para lembrar

da raiva que você sente sempre que a decepção chega,

ou do dia em que você fingiu que estava tudo perfeito

para não parecer fraca.

Este poema é para trazer à tona sua covardia maior,

seu medo mais absurdo,

o primeiro passo que você ainda não deu.

Apague este poema depois de lembrar

que o amor nem sempre deu certo em sua vida,

que aquele rompimento ainda é ferida

e a vontade de amar novamente sempre volta.

Apague definitivamente este poema,

já que ele faz você recordar da mágoa de pessoas queridas,

aquelas que um dia foram parte essencial em sua vida,

mas que agora você só vê se olhar para trás.

Apague, apague este poema, por favor,

pois ele lhe coloca frente a frente com o pavor

de se ver novamente em situação delicada,

tirando-lhe de sua rotina dedicada

a esquecer tudo que lhe foi desfavorável até agora.

Apague sem pena este poema, mas antes de fazê-lo,

pense no que vou lhe dizer a seguir:

a dor que tão funda doeu, fez você chorar muito,

mas você ainda está aí, não morreu.

Qualquer que tenha sido o problema

há de ter uma relativa solução,

a vida é jogo ganho para quem enfrenta os fantasmas

e se arrisca com vontade na competição.

Ao apagar o poema,

lembre que o ruim não deve superar o belo

e que, mesmo que a vida lhe tenha sido madrasta,

seu futuro é você quem traça

e das reviravoltas você pode ser autor.

Agora que você chegou até aqui

e eu lhe disse tudo o que queria,

tentando lhe mostrar que nada é tão trágico assim,

você pode, em um toque, apagar o poema,

pois ele já cumpriu o seu fim.