Aqui jazem minhas contradições e inquietudes
Assim como minhas opiniões sinceras, aquelas sem freios e sem endereço fixo.
Atitudes exageradas, além das culpas que hoje não têm mais dono.
Coloco junto meus medos mais infundados, os últimos sorrisos escondidos e possivelmente muitas das honras que foram adulteradas.
Aqui jazem, de braços dados, o homem que fui com o homem que sou.
Além de minhas crenças sem fundamentos e dos meus fundamentalismos em demasia.
Assim como os tiroteios com bala de festim, guerras com bolinhas de papel e palavras malditas, cuspidas e metralhadas que soltei aos ventos.
Deixo juntas minhas insatisfações sem alicerce, além de vastos raciocínios preguiçosamente incompletos.
Minhas mentiras mais grosseiras, algumas histórias escondidas, tanto quanto as verdades escancaradas.
Portas fechadas e abraços imaginários, assim como meu eterno semblante enfezado.
Aqui jazem o “porque sim” como resposta e as respostas sem por quê.
Assim como bocas caladas, punhos cerrados e pensamentos tolhidos.
Perceber as despedidas, se ver em uma cova e ainda assim vivenciar a morte em vida.
Ser sacro e ser profano.
Ser plural e ser singular.
Ser antagônico e ser protagonista.
Meu livre-arbítrio e seu antônimo inexistente.
Ser e ao mesmo tempo não ser
E nem ter ideia de qual seja a questão.
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