Assim eu escrevo

Poeta Rafa Ribeiro
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readNov 5, 2019
Photo by Julia Joppien on Unsplash

Escrevo como quem escreve cartas de amor num diário infantil,
onde tudo acontece conforme sonhado,
onde o encontro é mais simples que o fim do ditado,
eu escrevo o futuro pensando no tempo passado,
passando por cima dos erros,
vivendo a mentira de saber estar errado
e fingir que o certo é apenas seguir.

Me enfeito em embrulho e me entrego,
surpresa na linha de baixo,
sem anunciar eu me acho
e antes que possa me ler,
eu mesmo me apago.

Eu não escrevo a lápis,
por isso me rasgo
com a borracha que prometeram apagar caneta.
As marcas,
feridas ainda estão na cabeça,
e as novas histórias se acabam antes mesmo que aconteça.

Nem mesmo nos sonhos pensei no “felizes pra sempre”,
eu sei que no meio tem choro,
mas também sei que faz parte da gente
amparar um ao outro,
ser ombro, abraço, palma,
coro em revolta quando preciso,
ser precioso o abraço amigo,
saber ser abrigo além de ser riso.

Eu escrevo pra ser cantado em dueto,
sua voz no meu samba,
nossa história nos muros do gueto,
seu jeito me encanta,
dispara o meu peito,
não sei se adianta,
mas sigo escrevendo
as cartas, poesias,
os sonhos de um dia
enfim você entender
que meu mundo tem reservado um lugar,
e que nesse lugar eu quero você.

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