Bem-me-quer, mal-me-quer
Venho aqui pra falar “da flor do desejo e do maracujá”, do desejo da beleza, da beleza do desejo ou algo que o valha.
Andei tentando medir o belo fora das convenções sociais. Um comportamento, um pensamento, uma ação ou simplesmente uma imagem. E como nosso desejo está magneticamente ligado ao que consideramos bonito, mesmo que seja feio.
“ — Menino, não coloca o dedo no bolo, isso é feio!”
Se desejo sua boca colada na minha, nunca a desejarei tanto até te sugar um beijo quente do jeito que eu quero, do jeito que eu espero, molhado, assim, mesmo que não seja tudo isso que eu pensei. Nada segura a beleza do que eu almejo e luto, até que consiga, em lamentos, chegar no tal dia do beijo, beijar-te, trocar toque no rosto como eu gosto, pegar no seu cabelo e passar os dedos. Desde que eu consegui te beijar, não sinto mais tanta vontade de que você me beije.
“ — Menina se ajeita, sentar de saia com as pernas abertas é feio!”
As vezes eu desejo algo repugnante e você? As vezes desejo você.
Pensando no desejo fugaz dos não-românticos, que dividem seu encanto espalhando seus desejos por muitos cantos. Em agonia, pois um desejo assim, fragmentado, vem e vai tão rápido… Mas talvez seja exatamente aí o ponto G.
Sonhei com o desejo latente dos românticos, que focam seu desejo em um ou poucos lugares, prolongando-o ao máximo, fazendo casinha pra ele crescer, consigo ver agonia também aqui, no medo da perda, no esforço da manutenção.
Muitos dizem que não se pode ser feliz tendo tantos desejos, pois eles vão ser ao mesmo tempo motivo de sua ruina em frustração. Mas como viver sem desejar nada? Vazio. Desejando pouco, (im)possível.
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