Canto das mulheres livres

Ou Coreografia da Ancestralidade

Sara Costa
Revista in-Cômoda
2 min readJan 31, 2021

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Fotografia de Juh Almeida (@juhafotografa)

Somos Mulheres mensageiras do amor,
respiramos a sabedoria ancestral,
entoamos nossos cantos de cura,
unimos o sagrado ao mortal

Carregamos a força do feminino,
cultivamos a semente da paz,
conservamos a alma da Terra,
em nosso ventre ela jaz

De mãos dadas, juntas
Caminhamos para um futuro de frutos maduros
Para um lugar onde possamos pisar
calcanhares firmes, pés esparramados
em terra, onde o choro é livre,
onde o gozo é nosso, onde
o sopro do ar é risada em nossos ouvidos,
é carícia nos antebraços,
nosso cabelo é símbolo do nosso reino,
nosso corpo é lar
nosso, nossos braços acolhem a todas
e respiramos a plenitude do cuidar

Descubramos, despertemos, desfrutamos
Sigamos os rastros das nossas antepassadas,
olhemos a quietude e saibamos que não estamos só,
nas reticências do silêncio há um grito
de luta constante, há uma resistência ininterrupta

Nas raízes de um Baobá encontraremos
as primeiras histórias do planeta,
aquelas que contam como andar de pé no chão,
como cultivar as dádivas da mãe Terra

Nas ondas de nossos cachos viajam
os mapas de uma terra fértil,
nossos olhos carregam a esperança
de andar em segurança, sem temer nossos irmãos

Dançamos a leveza de uma vida em liberdade,
escolhemos para nós o respeito e a
força que habita em nosso peito
aberto, encaramos a realidade,
que por mais dura, cederá
à sublime doçura da coreografia,
ensaiada noite e dia durante o
nosso eterno celebrar

Deixamos a nossa ancestralidade nos guiar.

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Sara Costa
Sara Costa

Written by Sara Costa

Curiosa, engraçada, dramática e simbolista. Não necessariamente nessa ordem. Aprecio as palavras com a sagacidade de uma escritora aprendiz