Canto das mulheres livres
Ou Coreografia da Ancestralidade
Somos Mulheres mensageiras do amor,
respiramos a sabedoria ancestral,
entoamos nossos cantos de cura,
unimos o sagrado ao mortal
Carregamos a força do feminino,
cultivamos a semente da paz,
conservamos a alma da Terra,
em nosso ventre ela jaz
De mãos dadas, juntas
Caminhamos para um futuro de frutos maduros
Para um lugar onde possamos pisar
calcanhares firmes, pés esparramados
em terra, onde o choro é livre,
onde o gozo é nosso, onde
o sopro do ar é risada em nossos ouvidos,
é carícia nos antebraços,
nosso cabelo é símbolo do nosso reino,
nosso corpo é lar
nosso, nossos braços acolhem a todas
e respiramos a plenitude do cuidar
Descubramos, despertemos, desfrutamos
Sigamos os rastros das nossas antepassadas,
olhemos a quietude e saibamos que não estamos só,
nas reticências do silêncio há um grito
de luta constante, há uma resistência ininterrupta
Nas raízes de um Baobá encontraremos
as primeiras histórias do planeta,
aquelas que contam como andar de pé no chão,
como cultivar as dádivas da mãe Terra
Nas ondas de nossos cachos viajam
os mapas de uma terra fértil,
nossos olhos carregam a esperança
de andar em segurança, sem temer nossos irmãos
Dançamos a leveza de uma vida em liberdade,
escolhemos para nós o respeito e a
força que habita em nosso peito
aberto, encaramos a realidade,
que por mais dura, cederá
à sublime doçura da coreografia,
ensaiada noite e dia durante o
nosso eterno celebrar
Deixamos a nossa ancestralidade nos guiar.