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Como se fosse a última vez

Fabio Pires
Revista in-Cômoda
Published in
3 min readMar 28, 2022

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A insônia tem sido uma constante e hoje é uma companheira que levo pra cama quase todo dia.

Na madrugada de sexta acordei do nada por volta de meia noite e vendo que não ia pegar no sono rapidamente me refugiei no celular para tentar distrair a cabeça.

A primeira notícia na minha timeline era da página oficial do Foo Fighters falando da passagem do seu baterista.

Taylor Hawkins foi embora e não me interessa o motivo.

Cansei de julgar os outros.

Mas além do susto e da tristeza em ver alguém tão jovem morrer agreguei ao pensamento um assunto que volta e meia abordo: O tempo.

E dele falarei mais adiante. Se der tempo.

No sábado o TSE tentou coibir manifestações políticas no Lollapalloza depois da Pablo Vittar carregar uma bandeira com o rosto do futuro presidente Lula.

O mesmo juiz que liberou outdoors em favor do sujeito que hoje senta na cadeira presidencial.

E como são estúpidos conseguiram o contrário:

Um domingo inteiro de manifestações contra aquele que não citamos o nome.

E para terminar o fim de semana Will Smith enfiou os 5 dedos na cara do Chris Rock.

Não curto violência, mas como sou extremamente protetor aos meus é muito provável que fizesse o mesmo.

Piada tem limite.

Antes disso teve o esquema milionário de propina dos pastores evangélicos no Ministério da Educação que ainda tem seus desdobramentos.

Ainda assim (e mesmo tendo um agradabilíssimo fim de semana) digo que o tema “Tempo” fica sempre martelando minha cabeça quando da passagem de pessoas como o baterista do Foo Fighters.

O tempo que desperdiçamos com brigas, joguinhos e paranoias.

Com cismas e achismos.

Com caras fechadas e punhos cerrados.

Com o fim de semana que acaba rápido e a semana que se arrasta.

Do quanto somos sugados por essa realidade paralela e psicótica que entramos e não vemos saída.

Do cansaço que isso tudo traz e do tempo que sempre dizemos não ter.

E mais uma vez a frase que mais ouvia na terapia apareceu: Para quê?

Para finalizar cito outro baterista (esse muito meu amigo) que certa vez me ensinou que toda vez que ele subia no palco era como se fosse a última vez.

E assim conseguia aproveitar ao máximo a leveza e o prazer que a música pode proporcionar.

Sendo que agora ele tenta levar essa máxima para todos os atos do seu dia a dia.

E talvez seja bem por aí mesmo.

Agir como se fosse a última vez enquanto ainda há tempo.

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Fabio Pires
Revista in-Cômoda

Escritor com dois livros lançados, Editor, Redator, Tradutor e escreve na Impérios Sagrados, no Projeto C.O.V.A e na Revista In-Cômoda.