Conjugar no tempo errado
Como conjugar um presente cheio de futuro e um futuro vazio de presente?
O fato de não conseguir administrar todos meus planos e destituir a possibilidade de pensar no amanhã cortam as asas de quem quer aprender a voar.
Mesmo que sejam voos rasantes.
Com pouquíssima autonomia.
Procuro pensar e direcionar o meu melhor como pessoa para o hoje, mas se me abstiver do que acredito e do que procuro perco completamente o norte.
Quero acreditar que no reflexo deste espelho haja alguém que enxergue o futuro como algo palpável e desejável.
Quero acreditar que por trás desta máscara eu não me esconda nunca mais.
Nunca mais.
A paz que procuro e em parte já consegui, passa por isso: por tê-la de forma completa sem nichos e restrições, sem carrancas e discussões.
Almejo unicamente a tranquilidade de viver o que ainda não vivi.
Quero respirar pausadamente e facilitar esta bendita autoavaliação que faço diariamente.
Ser e viver em paz.
Não pretendo mais engatilhar as armas que ainda assim carrego, mais para me recordar da utilidade que elas já tiveram do que propriamente por autodefesa.
Me enxergo como em um espelho velho destes de motel barato de beira de estrada.
Destes que você até enxerga algum reflexo, mas não se identifica nele como gostaria e nem observa nada além das rugas espalhadas pelo rosto e do mofo nas laterais (da alma?).
E isso cercado por guimbas de cigarro nos cantos do carpete acarizado e empoeirado.
Ou seja, fora de tempo e de lugar.
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