Das coisas que se vê quando se olha pro Eu

Nua e sem nenhum disfarce.

Mylena Andrade
Revista in-Cômoda
2 min readAug 14, 2018

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Desejo que você tenha a quem amar

E quando estiver bem cansado

Que ainda exista amor pra recomeçar

Frejat

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Eu não sei quantas vezes já me cansei de mim.

Perdi a conta.

Inúmeras foram as vezes em que, de mim, jurei desistir.

Já cheguei ao fundo do poço achando que era precipício.

Tantos tombos e socos na cara dados pela vida.

Ainda assim, eu me olho.

Por que, afinal, que outro jeito há?

Do amar já fui refém.

Em sonhos e infinitos alheios já morei.

Em alguns tempos, me perdi.

Em outros, me reencontrei.

Eu não sei, de todos os preparos pra viver, não sei.

Quem sabe um dia, ainda, algo aprenda.

No meu peito, trago as dores do mundo.

Meu inteiro é todo caos.

Carrego vida.

Céu.

Inferno.

E de novo, caos.

Tenho o peito em carne viva.

Porque da vida, eu não quero o nada nem o quase.

Eu quero só ser o que eu quiser ser.

Em meu seio, a própria liberdade troveja.

Ouve-se rojões, escândalos, temporais.

Já não sei o que de mim se fez, ou o que tornou-se nada, o que se desfez, ou o que em mim emergiu.

Na margem, o que se vê é só reflexo.

Porque ainda sou borboletas.

Em tantas delas ainda me transformarei.

Eu não nasci para lugar nenhum.

Porque sou do mundo todo

E também

Toda de mim.

Porque

O mundo inteiro

Cabe

Em mim.

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Mylena Andrade
Revista in-Cômoda

E sobre a poesia, pousa uma alma inquieta que nunca repousa.