De quem é o erro?
Somos tão cheios de avisos,
mas nessa aventura de amor às cegas
a gente dá como ingresso
os dois olhos e o coração.
E não basta estar ciente
quando se está na desvantagem
por se entregar o mais completo possível
a ponto dos ouvidos
perderem o costume
de escutar o que nós mesmos
tentamos nos mostrar.
E a gente vai perdendo tudo,
até o olfato
que passa a trabalhar única e exclusivamente
no setor da comparação;
sim, todo cheiro passa a ser incomparável
àquele que queremos sentir todos os dias antes de dormir.
O paladar?
Quando nos damos conta do paladar,
nem nosso prato favorito dá tanto prazer
quanto aqueles beijos que a mente
fez de tudo pra avisar que não deveriam ter acontecido.
Daí já era, os olhos, os ouvidos,
a boca e o coração
tomados
as mãos já no fogo,
o estômago infestado de borboletas
e os pés nas nuvens...
Como então prestar atenção nos avisos?