Declaração de amor ao invisível
O centro de mim estando exposto conscientemente às entrelinhas que nos atravessam, deseja guardar com palavras a abstração de tal sentimento complexo.
Já há algum tempo tornou-me perceptível o vislumbre do presente, de tal modo que o sentir se compõe intensa e profundamente obedecendo àquilo que sou. Talvez minha alma transcenda expectativas de um senso comum e me configure simplesmente um ser sensível demais.
Estando dentro de mim, deparo-me estando diante do outro. Me atravessa toda a geometria nas suas diversas escalas e enxergo todo o encantamento que é sermos únicos e estarmos aqui. Você sabe o que significa estarmos aqui?
Os encontros, não necessariamente físicos, nos proporcionam a troca pelo afeto e é como se os dados que nos configuram e toda a nossa energia entrasse em uma forte conexão. Somos corpos celestes preenchidos por memórias milenares. Quantas vezes será que nos encontramos?
O momento do agora pode ser repleto de vivências conectivas e é isso que torna cada segundo sagrado. A cada passo que damos é um instante que fica para trás. Podemos retornar ao mesmo espaço, mas nunca ao mesmo tempo.
Meus sentidos beijam-me com uma estranha sensação de abertura ao universo. A psique que me compõe abre como as flores da primavera ao mistério da dança cósmica. Estou flutuando em órbita daquilo que não sei o que é.
Texto e Arte:
Priscila Rocha