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E de mentira em mentira vivemos as nossas verdades

Fabio Pires
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readSep 29, 2022

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Temos um hábito recorrente, perigoso e sem sentido de julgarmos todos e todas as situações sem ao menos observarmos vários fatores.
Sem ao menos nos aprofundar no assunto.
E eu também me incluo nisso, apesar de me observar cada vez mais para tentar domesticar este hábito.

De tudo fingimos entender, mas nada queremos pesquisar, estudar ou mesmo interpretar os vários textos sobre todo assunto recorrente.
E só assim conseguimos interpretar os interesses por trás de cada um deles.
Isso! Interpretar!

Não distorçam minhas palavras.
Não falo aqui em defender quem propaga ódio.

Temos pressa em julgar e determinar culpados sem pensar que muitas vezes cometemos o mesmo delito que estamos julgando.
“Fulano é cachaceiro!” Vocifera o sujeito com seu copo de pinga na mão.

E assim nos achamos juízes e donos de toda razão e de todo conhecimento.
Sempre foi “senso comum” que todo brasileiro age como um potencial técnico de futebol, mas hoje já expandimos também para outras áreas.

Somos juízes que identificam culpados que designam penitências

Somos também defensores de supostos “bons costumes” que normalmente poucos seguem, mas enxergamos como obrigação para os outros.

Ultimamente também conseguimos ser especialistas em arte, mesmo aqueles que não têm capacidade alguma de determinar o que seja arte.

E que em muitas outras áreas destilamos nosso não conhecimento e pouco aprofundamento em quase tudo que nos cerca.
E para este “tudo” temos uma fórmula, uma poção mágica, perfeita, simples e que arrogantemente vemos como solução.

E não nos atemos ao fato de que toda história tem no mínimo duas histórias embutidas, duas explicações e dois entendimentos.
E há quem diga que também exista a “verdade”, mas isso não sei se é verdade.

Destilamos nossas frustrações defendendo pena de morte para quem não conhecemos e em casos desconhecidos, mas destinamos penas açucaradas e enormes passadas de pano para aqueles que defendemos ou para “mitos” travestidos de messias.

Somos contradição e falta de conhecimento próprio.
Criamos nossas próprias leis baseadas nos pesos e medidas que nos convém.
Generalizar nos traz a simplicidade de um julgamento rápido e indolor. Daqueles que só afetam os que não podem se defender.

Somos contradição em cima de mais contradição.
Criamos e nos habituamos ao nosso senso comum para nos sentir confortáveis com nossas próprias mentiras.
E de mentira em mentira vivemos as nossas verdades.

  • Texto de 2013, mas a cada dia mais atual.

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Fabio Pires
Revista in-Cômoda

Escritor com dois livros lançados, Editor, Redator, Tradutor e escreve na Impérios Sagrados, no Projeto C.O.V.A e na Revista In-Cômoda.