ECOA

Poeta Rafa Ribeiro
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readMay 8, 2020
Photo by Rob Curran on Unsplash

ALGUÉM ME AJUDA!!
ME TIREM DAQUI!
SOCORRO!

Que vou fazer se jogo a corda e o balde me afoga?
Se a preocupação for salvar o mundo, quem é que me salva?

Eu quero saber onde é a saída,
tentei escalada,
gritar por ajuda,
já é tanto tempo vivendo no breu
que nem sei mais se a luz me conforta.

Daqui vejo só um pedaço do céu,
o ar rarefeito sem ter altitude,
meus sonhos pintados mesmo sem papel,
a brisa do vento não mais me ilude.

A falta é o que me sobra aqui dentro,
o nada me preenche,
a sombra assombra meus medos,
queria dizer que não sinto,
mas a mente mente,
o grito que é rito em oração sai mudo,
volume de emancipação estufo
o peito com o vazio que carrego,
encaro tudo a minha volta,
paredes que mostram meu ego,
preso,
outra vez o motivo da minha derrota,
do fundo ainda que em sussurro
digo ao mundo que aqui em baixo faz frio.

Ah se eu soubesse quem foi que construiu,
Para,
não faça de burro,
não meta o louco pra cima de mim.
Era só o que faltava,
brigar no fundo do poço,
esquecer o começo em busca de um fim.

Fui eu quem fez isso,
eu mesmo cavei um buraco tão fundo
que hoje se quero sair nem eu mesmo me escuto.
O choro alaga por muito,
mas ainda não basta pra me levar pra fora,
eu tenho medo de me afogar,
pois nunca soube nadar
e se seguir assim minha altura não basta,
tem água até no pescoço,
a corda que puxa o balde pra cima,
não suporta meu peso,
as tralhas que acumulei esse tempo
não me deixam boiar,
tive que aprender a sorrir
quando na verdade eu queria chorar,
pois ainda tenho medo de morrer,
eu tenho esperança de amar,
quem sabe até seja ouvido
talvez alguém passa e me ajuda,
talvez eu tenha pelo menos um livro lido.

Se ouvir meu grito aí de cima,
não confunda o eco com rima
POR FAVOR SOCORRO
não é igual
Vou ficar aqui mesmo.

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