Estou vazio

Poeta Rafa Ribeiro
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readFeb 18, 2020
Photo by ÉMILE SÉGUIN 🇨🇦 on Unsplash

Oco
Ter meu universo é um vão,
um vácuo de sentimento,
me sinto preso no meio do nada que habito,
aperto no peito é o ato mais violento,
nem a luz do fim do túnel me guia mais.

Sei que sou eu mesmo,
sozinho comigo em busca de paz
e apesar do silêncio,
não é aqui que me encontro.

Respiro,
me inspiro no sufoco
do esforço em fingir estar bem,
sem saber porque encaro o mundo,
sem entender porque o mundo me encara também,
eu sigo,
acreditando que isso passe logo.

Sentado não faço nada,
ensaio o canto que antes cantava,
mas minha voz não viaja,
eu ando sem rumo,
meu corpo padece,
caminho que antes era tão curto,
hoje sigo de joelhos e ninguém ouve minha prece,
nada que eu faça ameniza essa dor.

O meu vazio ocupa um espaço imenso,
sufoca,
me prende o choro
que guardei por achar ser seguro,
me sinto preso no passado,
e isso impede meu futuro,
nem vejo um palmo a frente,
meu mundo segue completamente escuro.

Não grite meu nome,
não chame,
não ouço,
meu pedido de socorro
se perdeu no eco do fundo do poço,
eu acho que quero ficar mais um pouco.

Amanhã acordo sorrindo de novo
Preencho o espaço deixado
Encontro recheio pra um peito apertado
Por enquanto prefiro seguir acordado
Vendo o que passa
Escrevendo mais um pouco
Amanhã.

Hoje, me sinto oco.

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