Eu, chuva.

Seu guarda chuva é odiável.
Ele não tem furo,
buraquinho,
rasgo,
fissura.
Ele cobre,
Ás vezes me cobra,
porque chove e eu molho muito:
Gota,
goteira,
pingo e
temporal.
Nada passa.
Olha, por debaixo dele,
um olhar úmido,
seco.
De cima, a máquina fotográfica faz reto objeto,
uma imagem bonita.
De cima,
sou desmanchável,
perecível,
corredeira
e
caio.
Desmancho no asfalto,
subo a calçada
Traço um plano:
Um dia, nesse temporal
ei de encontrar a sola do seu sapato,
encharcar
suas meias e
gelar seus pés.

Tudo para incomodar você.