Eu sou
Eu sou poesia de Caeiro
Sensitiva e viva até os ossos
Sou o baile de Bethânia
Intensa e mística
Sou o teatro de Boal
Crítico e inconformado
Sou as plantas, as árvores e as flores
Sou terra.
Amanheço carta capital, Café
Sou um livro de filosofia
Cheia de por quês
Por que?
Sou corpo, sou fala, sou política que exala
Sou a complexidade absurda
Sou Tarkovsky, Stalker
Sou estranha
Sou Clarice Lispector,
um mistério de bruxa no olhar.
Sou a palavra bem usada, o diálogo
A calmaria, ainda que por dentro haja tanta inquietação
Sou o sol, sou luz
O que quase ninguém enxerga mas sente, sabe que esta alí.
Sou fruta gogóia, tropicália
cores e arco íris
Sou Judith Butler,
a novidade, a desconstrução
Não sou menino nem menina
Eu sou frequência, consciência
Constante evolução
Não sou clichê, mas sei a “dor e a delícia de ser o que sou”.