Eu sou gay

jeronymus
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readJan 7, 2018

Eu sou gay.
Assim começo este poema:
Digo alto o que não assumo em casa
Mas, vejam só!
Exponho pra uma plateia inteira.

Eu sou gay.
Esta é uma afirmação irrefutável.
Estou feliz e, por me saber muito bem
Faço desta uma noite memorável.

Estou vestido.
Estas vestes me travestem
E não cobrem, essencialmente, quem eu sou:
Gay? Não…
Livre!
De fato, isto é libertador.

Estou liberto da dor…
Essencialmente…
Internamente…

Sou gay e… não pedirei desculpas
Se ofendo o mundo exterior
Cujas prioridades me preocupam:

Que porra é essa de propagar o ódio
Em nome de um divino amor?

Eu sou gay.
E, ao dizer isso agora,
Desconstruo em alguns
A imagem do homem bom.

Por debaixo destas vestes…
Vestes?
A vista dos outros
Esses outros
Que dizem me amar
Mas não aceitam que eu sou
Gay.
Que faço Letras por querer
(E como eu quero ser professor!)
Que sou um cidadão do mundo
E não alguém que está
Em cima do muro.

Eu sou gay
E, se de modo pejorativo me chamam
Não mais me atingem.
Eu mesmo não!
Hoje… Hoje eu sei quem eu sou.

Eu sou gay
E nunca disse isso em casa
Talvez como alguém mais aqui
Certeza que como muitos
Que por aí vagam
E sofrem.
Pois a própria vida amargam.

Eu sou gay.
E vim aqui à frente para dizer
Completamente alheio à escuridão
Que é difícil fingir
E dói se desconhecer.

Dói
Se construir cada vez mais para dentro de si
Deixando de fora só aquilo que o outro quer
Eu sou gay! Não é o que esperavam de mim.
Nem eu esperava…
Foi como um tiro no meu próprio pé.

Eu sou gay.
Não sou só isso,
Mas é o que aqui mais repito.
Porque mais importa ao mundo
Com quem eu vou pra cama
Do que, de fato
O amor
Que dentro de mim eu sinto.

~

26.05.2017
[ 19 dias de um jeronimo ]

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